A luta pela terra dos indígenas tem um novo capítulo. Depois da ocupação, no dia 7 deste mês, de um terreno indígena em Dourados (MS) que ilegalmente foi “vendido” à Corpal Incorporadora e Construtora, no dia seguinte, de uma maneira totalmente violenta, como é costume da polícia, o Batalhão de Choque foi ao local e prendeu dez indígenas. Ocorreu a liberação apenas um idoso de 77 anos, e os outros nove foram encaminhados para o Presídio Estadual de Dourados. Dentre eles está um militante do Partido da Causa Operária (PCO), Magno Souza. O conflito é em torno do território Yvu Verá, reivindicado como ancestral pelos Guarani e Kaiowá, e segue sem demarcação concluída.
A área é vizinha da populosa Reserva de Dourados e faz parte da Terra Indígena (TI) Dourados Peguá. Um dos territórios que, de acordo com um Termo de Ajustamento de Condutas (TAC) firmado em 2007 entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Funai, deveria ser identificado e delimitado até 2010. O terreno foi literalmente roubado dos indígenas e será usado para construir um condomínio de luxo para a burguesia local. O combinado informal entre eles e o antigo dono da chácara, contam as famílias Kaiowá, era de que, enquanto o litígio não se resolvia, os indígenas não avançariam sobre o território, com o compromisso que nada se construísse ali.
Os indígenas dizem que a PM agiu contra a ocupação em defesa dos interesses dos grileiros de terra. “Falaram que foi flagrante e que encontraram armas. Indígenas têm machado e foice, são instrumentos de trabalho, mas arma de fogo não tinha, isso é mentira da polícia”, denuncia José* Guarani Kaiowá, uma das lideranças da comunidade.
Na última semana, a Defensoria Pública da União (DPU) e a FUNAI, protocolaram junto ao Tribunal Regional Federal da Terceira Região (TRF3ª) um alvará de soltura. “A prisão é uma medida extrema, cautelar e deve ser reservada a casos em que são justificáveis, diferente desse”, define o órgão.
Esta é uma pequena amostra do sofrimento dos que lutam pela terra. São roubadas e o sistema ainda os coloca em situações deploráveis como são as cadeias brasileiras. Magno e seus companheiros, estão em uma luta por aquilo que é seu. O Estado burguês não dá o mínimo de suporte para que se desenvolvam. Fica mais evidente também o papel do cinismo do identitarismo, representado na figura esdrúxula da ministra Sônia Guajajara. A ministra dos povos, não se manifestou em relação ao ocorrido e até o momento nunca fez um pronunciamento aos demais ataques dos latifundiários contra os índios que ocorrem Brasil afora. Guajajara, fica de enfeite, correndo atrás dos Estados Unidos para pedir intervenção imperialista na Amazônia, sob o disfarce de auxílio aos “povos originários”.
Sônia Guajajara deveria mesmo ter um posicionamento claro em relação ao problema de Magno e todos os indígenas que ela diz representar. A luta pela terra, depois do golpe de 2016, tomou proporções ainda mais graves e cabe ao governo atual tentar reverter a situação. Guajajara, até o momento, não faz nada mais que trair os indígenas. Cuida apenas de se autopromover e ficar atrás do imperialismo que, todos sabemos, quer colocar suas garras sobre a Amazônia.
Pois nada é pior que o imperialismo diante da crise.
Liberdade para Magno e seus companheiros!