No último dia 22 de julho, o governo federal organizou uma cerimônia para apresentar o chamado “pacote da democracia”. Democrático apenas no nome, o pacote é um amálgama de políticas cujo sentido comum é o aumento da repressão contra o povo.
Durante a cerimônia, feita diante de centenas de policiais, o tom dos discursos também era o da repressão. Entre os que falaram, Lula e Flávio Dino repetiram a mesma ideia: que era preciso desarmar o povo e apenas as forças de segurança deveriam estar armadas e que a população deve “confiar na polícia”. Lula repetiu essa ideia em outras ocasiões. Na véspera da apresentação do pacote, em seu Twitter, ele afirmou:
“Vamos continuar lutando por um país desarmado. Quem tem que estar armado são as forças de segurança, de forma responsável.”
Vamos continuar lutando por um país desarmado. Quem tem que estar armado são as forças de segurança, de forma responsável.
— Lula (@LulaOficial) July 21, 2023
Vejam como são as coisas, poucos dias depois, vemos como a realidade nua e crua do País se choca com a teoria. Ao defender que o povo deve estar armado e só as forças de segurança devem estar armadas, o governo Lula está dando o aval para que a polícia cometa atos criminosos como o que está acontecendo no Guarujá.
Não que tenha sido necessário ocorrer um ato tão brutal como o de agora para mostrar o grave erro dessa política expressada por Lula. Todos os dias, cotidianamente, nos bairros pobres e nos campos brasileiros, a polícia é uma verdadeira máquina de assassinar o povo. Assassinar, torturar, aterrorizar.
As quase 20 mortes na Baixada Santista apenas mostram de maneira explícita que a política correta é o exato oposto do que disseram Lula, Dino e dizem todos os políticos da burguesia: é preciso desarmar a polícia e armar o povo. Ou, explicando melhor, é preciso extinguir a polícia e deixar que o povo armado organize sua própria segurança.
A política de determinados setores da esquerda pequeno-burguesa, seguindo as orientações da burguesia imperialista no caso do desarmamento, acaba sendo de cumplicidade com a brutalidade policial.
Deixemos claro: defender o desarmamento não é defender a paz, é, isso, sim, avalizar a violência extrema da polícia contra o povo.
Somos obrigados a discordar de Lula, quando diz que vai lutar para desarmar o povo. A luta deve ser, em primeiro lugar, para acabar de uma vez por todas com a ação da polícia assassina.
Mas é o contrário. A esquerda quer deixar as armas apenas nas mãos da polícia.
A polícia, composta em sua maioria por bolsonaristas, tem que estar armada até os dentes. A polícia, que todos os dias massacra o povo, tem que estar armada. Já a população, essa precisa ser desarmada e aceitar de cabeça baixa que o Estado capitalista faça barbáries como essa no litoral de São Paulo.
Esse acontecimento no Guarujá mostra o real significado da política de desarmamento: deixar apenas os covardes armados e o povo sem condições nenhuma de se defender.
Por isso, a verdadeira democracia é o povo com total direito ao armamento. O resto é ditadura. E não qualquer ditadura, um regime de tipo fascista cuja polícia age como uma organização paramilitar contra a população.