Parte considerável da esquerda brasileira está contaminada com várias ideias apresentadas pela imprensa capitalista, uma das mais repetidas é a calúnia de que Hamas é um grupo terrorista, e outra ideia é que precisa de um cessar-fogo na região, que é o que se diz durante uma guerra, o que não está acontecendo, no caso palestino. Ali é um genocídio contra o povo palestino.
O jornal O Trabalho, uma corrente interna do Partido dos Trabalhadores, é uma dessas organizações. Além de ter equiparado o Hamas ao terrorismo, agora faz a defesa de que é preciso um cessar-fogo na região da Palestina.
Em publicação, de 19 de outubro, a publicação afirma que: “mais de um século depois, o Imperialismo, a etapa superior do capitalismo, segundo a definição também atual de Lênin, dá sinais intensos de barbárie e ameaça arrastar a humanidade para uma catástrofe sem precedentes. São 21 guerras em curso e 216 conflitos militares em todo o globo, denunciam os trabalhadores alemães que convocam, em seu país, um ato contra a guerra e a venda de armas E, acrescente-se, a maioria desses conflitos faz dos trabalhadores buchas de canhão para os interesses capitalistas”
Segue, o jornal O Trabalho, citando Ray Dialo, um bilionário, que disse que “a guerra entre Israel e o Hamas é mais um passo em direção a uma guerra internacional mais violenta e global. Temos de reconhecer que estas duas guerras: a guerra entre Israel e o Hamas e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, não são travadas apenas entre as partes diretamente envolvidas. Estas guerras fazem parte dos conflitos entre grandes potências que visam moldar a nova ordem mundial.”
Diante desta declaração de Dialo, diz o jornal petista que existe uma “incapacidade das grandes potências chegarem a qualquer tipo de acordo na reunião do Conselho de Segurança da ONU, esta instituição que não só não consegue propor um cessar-fogo, como continua insistindo na solução dos ‘dois Estados’, um prolongamento trágico da partilha da Palestina em 1948, quando a própria ONU chancelou a criação do Estado sionista de Israel”.
A política dos dois estados, de fato, não tem o menor cabimento, especialmente em razão do fato de que o estado artificial é Israel, nesse sentido, fictício. Só existe o estado palestino e os palestinos, este estado é que deve ser soberano.
Já o cessar-fogo, tão propagado pela imprensa capitalista e seus lacaios, dá a entender que existe uma guerra na região, onde dois exércitos estão se enfrentando e é preciso um cessar-fogo. Nada mais falso, no caso palestino.
O que existe é um massacre diário, várias chacinas em andamento, execuções, bombas caindo em escolas, hospitais e bairros cheios de civis palestinos. É um genocídio. Este genocídio é que tem que parar, que tem que ser estancado. O Hamas apenas está defendendo os palestinos com o que tem, com o que é possível fazer, mesmo antes das ações do dia 7 de outubro. Israel é quem, covardemente, assassinou mais de 10 mil pessoas, dentre elas milhares de crianças e mulheres.
Por outro lado, toda a introdução do texto, dá a entender que o caso palestino é mais uma das centenas de guerras promovidas pelo imperialismo, para fins econômicos. Embora a finalidade econômica esteja patente na região (o controle do petróleo feito pelos Estados Unidos), o fato é que não existe guerra, pois sequer existe exército regular palestino. É um massacre contra pessoas indefesas.
É como pedir cessar-fogo para a Polícia Militar brasileira, que executa milhares de pessoas todos os anos. A PM é o estado sionista de Israel em solo brasileiro. Assim, se a PM tem que acabar, Israel também. Se o povo palestino resiste com armas na mão contra os sionistas, esta é a justa lição para o povo pobre brasileiro massacrado pelas forças de repressão.
Por fim, o Hamas não é um grupo terrorista. É um partido político com amplo apoio dentro da população palestina. Seu braço armado é quem encabeçou, dentre outras organizações, a resistência palestina. É ele quem deve ser defendido pelas organizações de esquerda.
A equiparação do Hamas ao terrorismo é uma campanha vinda diretamente da CIA e dos órgãos de inteligência e militares norte-americanos. Para atacar as organizações que estão fazendo a defesa real do povo palestino.
A esquerda não deve capitular diante da pressão daqueles que querem varrer com os palestinos do mapa, e defender qualquer pessoa e organização que esteja, de fato, fazendo a luta contra os sionistas, os nazistas dos dias de hoje.