O norte-americano John Clauser é um renomado físico teórico e experimental de 80 anos de idade. No ano passado foi premiado com o Nobel de Física ao lado dos colegas Alain Aspect e Anton Zeilinger por conta de experimentos inovadores sobre mecânica quântica. Em 25 de julho, Clauser faria uma apresentação pela internet sobre modelos climáticos, evento organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Conforme denunciado pela organização CO2 Coalition, da qual ele faz parte, um diretor do FMI cancelou sumariamente a fala de Clauser após ler o folheto de divulgação. O título da apresentação era “Vamos conversar – Até que ponto podemos confiar nas previsões climáticas do IPCC?”.
O físico já havia criticado publicamente o trabalho vencedor do Nobel em 2011 que propunha um modelo para explicar o aquecimento global. Um ponto fundamental da discordância está no papel cumprido pelo dióxido de carbono, o CO2.
Enquanto no modelo proposto pelos ganhadores do prêmio em 2011 o CO2 teria importância central no aumento da temperatura, no modelo proposto por Clauser o fator decisivo é a reflexão de luz por nuvens do tipo cumulus. O que poderia ser apenas uma discussão acadêmica ou debate científico se mostra ser mais uma demonstração de força do imperialismo.
Clauser manifesta ceticismo em relação aos relatórios apresentados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), acusando o organismo de espalhar desinformação. Se manifestou criticamente também às políticas climáticas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden e considera que o “alarmismo climático” reflete um problema de corrupção entre cientistas. Fato que entende ameaçar a economia e o bem-estar da população mundial.
Para Clauser, a ladainha da ONU sobre mudanças climáticas não passa de pseudociência, ou seja, uma falsa ciência, e sua enorme repercussão se apoia menos em argumentos científicos do que em agentes de marketing empresarial, políticos, jornalistas, agências governamentais e ambientalistas equivocados. Os mesmos que propagam a tese de que o aquecimento global é fruto da ação humana se recusam a discutir o tema com cientistas experientes. Assim como estamos acostumados aqui no Brasil, quando o monopólio das comunicações convoca seus “especialistas” para apresentar sua política com um verniz “técnico”, em nível internacional o imperialismo escolhe quem são os “especialistas” que podem falar.
Quem discorda das teorias que devem ser defendidas é deixado de lado e seus argumentos não chegam ao público massivo que os monopólios atingem. São desacreditados, debochados e, no caso da questão climática, são chamados de “negacionistas climáticos”. Uma estratégia introduzida aqui no Brasil durante a pandemia e que mostrou toda sua “flexibilidade” na campanha eleitoral, quando qualquer ceticismo sobre a absoluta inviolabilidade das urnas eletrônicas foi taxado de “negacionismo eleitoral”.
Da nossa parte, resta a indagação sobre essa defesa apaixonada que as instituições do imperialismo fazem em torno da “crise climática”. Esse é o mote, por exemplo, da ingerência sobre a Amazônia. Aquele que seria o “pulmão do mundo” precisaria ser “protegido” em nome da população mundial. Quem são os brasileiros para tomar conta de um território que causa impacto em nível mundial?
Durante o governo Bolsonaro, o malandro presidente francês, Emmanuel Macron, aproveitou a completa inépcia do presidente ilegítimo para tentar emplacar um plano de controle “internacional” sobre a Amazônia. Um golpe que felizmente fracassou, pelo menos por enquanto. Outra questão importante associada à essa tese é a atuação das ONGs imperialistas nos países atrasados, bloqueando obras de infraestrutura fundamentais para seu desenvolvimento. E aqui no Brasil, também não faltam exemplos nesse sentido.