No Brasil, o esporte mais amado é o futebol, como são obrigados a admitir os europeus: os brasileiros nascem com alegria nas pernas. Não é apenas um esporte, é cultura popular, é o lazer diretamente ligado à classe trabalhadora, historicamente se desenvolveu especialmente com os operários, é o futebol arte. A alegria do povo brasileiro é chegar do serviço, ligar a TV e ver seu time de coração jogar. Infelizmente, o sistema capitalista, por natureza, está conseguindo acabar com nosso lazer, quer transformar o esporte bretão em uma indústria geradora de lucros, mesmo que isso sacrifique a qualidade e a popularidade dos jogos.
A situação da vez é o calendário da CBF, que está forçando os times a jogar vários dias da semana, sem dar tempo para descanso, prejudicando o caráter profissional e a saúde dos jogadores, tudo para manter o lucro das transmissões que são na maioria das vezes em PPV pago. Renato Gaúcho, ídolo do Grêmio, em entrevista recente criticou o calendário da CBF, apesar de sua parcialidade em relação a outros clubes, sua crítica ainda é válida:
“Eu não estou entendendo a CBF marcando esses jogos do Grêmio. Jogamos na quinta-feira, atravessamos o Brasil todo, nem treinamos, jogamos contra o Santos. A gente quer ganhar o Campeonato Brasileiro assim como todos os outros clubes. A gente quer entrar com tudo, mas a CBF não pode beneficiar ninguém. O Grêmio vai jogar contra o Cruzeiro, volta para jogar na Arena contra o ABC, pela Copa do Brasil, e atravessa o Brasil para jogar contra o Cuiabá. Fica difícil, já falei para o presidente e para à diretoria. Por que o Grêmio está jogando nas quintas e nos domingos? Vamos falar voos fretados e cai na parte financeira que o clube tem. Faz o que então? Eu já falei… Daqui a pouco se eu colocar time reserva para jogar não venham em falar que o Grêmio está largando o brasileirão”
Como o aponta R. Gaúcho, é antiprofissional o calendário, se os clubes são obrigados a jogar sem direito a uma pausa, os jogadores não aguentam o ritmo e há um processo de queda na qualidade dos jogos, isso quando o time não é forçado a colocar todos os reservas para jogar, para dar um descanso aos titulares do time, gerando um prejuízo enorme para o futebol brasileiro, consequentemente, gerando mais lucros para as máfias que lucram com as partidas futebolísticas. Os jogos, além de acontecerem com uma frequência ridícula, conforme foi apontado, também ocorre em horários péssimos: os jogos estão ocorrendo em um fuso que impossibilita apresença nos estádios, por exemplo: às 20:00 da noite no sábado, sem contar o aumento nos preços dos ingressos.
Segundo um levantamento realizado pela Pluri Consultoria, o país do futebol tem o ingresso mais caro do mundo, em média o torcedor é obrigado a desembolsar $38 em média, na mesmo levantamento é citado que outros países envolvidos na pesquisa, baseado em suas rendas per capita, tem 103% a mais que a capacidade de compra dos brasileiros. No mundo dominado pelo capital, nem mesmo o lazer sai impune, é prejudicial até para o país com o melhor futebol do mundo.