Segundo levantamento realizado recentemente pelo Boletim Focus, que foi divulgado nessa segunda-feira, dia 6 de março, pelo Banco Central, a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) de 2023 aumentou para 0,85%, em avanço com relação ao relatório apresentado na última semana, 0,84%. O Boletim Focus é um relatório divulgado toda segunda-feira pelo Banco Central do Brasil (Bacen). É um compilado dos principais indicadores da economia, como IPCA, IGP-M, Câmbio, Taxa de crescimento do PIB e a Taxa Selic.
O Boletim, que trata de assuntos monetários, também manteve a estimativa da inflação em 5,9%.
Na última quinta-feira, 2 de março, foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o resultado do PIB de 2022. De acordo com o instituto, a economia brasileira estaria supostamente crescendo, com um crescimento de 2,9% no ano, um valor menor com relação aos anos anteriores.
No que diz respeito à inflação, a meta de 2023 é de 3,25%, taxa que mantém a margem de 1,5 ponto percentual de tolerância, para cima ou para baixo. A meta se tornou algo central com as críticas do governo Lula ao atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.
O presidente Lula (PT) defende aumentar a meta de inflação para evitar, segundo ele mesmo, “arrochar” a economia e estimular o desenvolvimento, que não condiz com o mesmo ângulo de crescimento econômico que o mercado financeiro defende. O desenvolvimento visado por Lula tem como um de seus pilares a distribuição de renda.
Fernando Haddad, ministro da economia, na contramão do governo Lula, não pautou esse tema na reunião do CMN, que ocorreu no dia 16 de fevereiro.
No Boletim Focus constou também que os operadores do “mercado” não alteraram as projeções para a Selic, a taxa básica de juros, e para o dólar. Ambos estão, respectivamente, em 12,75% e R$5,25.
O chamado crescimento econômico substituiu no vocabulário político o desenvolvimento econômico. A visão de que é necessário um crescimento tem uma raiz no pensamento neoliberal de uma burguesia cliente de um mercado financeiro regido pelo imperialismo, e se move exatamente na contramão da visão de desenvolvimento econômico, que visa expandir de fato a força produtiva do país e efetivamente desenvolver todos os setores da sociedade.
A raiz desse crescimento do PIB, um indicativo falho, está na taxa de juros e na pressão dos bancos contra o governo, disputando a direção da economia nacional e batendo de frente com os interesses do poder executivo.
O indicativo não é positivo e assinala, na verdade, que Lula terá uma difícil luta para travar, e que só pode ter uma saída positiva para seu governo caso ele conquiste o apoio das forças populares no embate contra o mercado financeiro e os bancos que controlam a economia nacional, e são um entrave para o desenvolvimento.
Uma das grandes evidências de que as contradições atualmente impostas ao governo Lula são intransponíveis por meio de uma política burguesa, é o estado de sítio que seus ministérios impõem ao seu programa político, já que nem mesmo Haddad pauta nas reuniões do CMN a vontade política do presidente.
A saída de Lula para a delicada situação que se apresenta é a mobilização popular do mais amplo grau, e não apenas uma mobilização popular burocrática ou isolada, mas uma que rompa a paralisia da esquerda e os demais movimentos populares.
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