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Não à censura

Burguesia explora fala de Janja em defesa do controle da internet

No lançamento do projeto "Brasil sem Misoginia", a primeira-dama defendeu compromisso com os monopólios, Google e Facebook, para combater a violência contra as Mulheres.

Na última quarta-feira (25), o Ministério das Mulheres realizou o lançamento do “Brasil sem Misoginia”, “um projeto de mobilização com objetivo de enfrentar todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres”, que contou a presença de Janja. Na cerimônia, a primeira-dama defendeu compromisso com os monopólios da Google e Facebook para combater a violência contra as Mulheres que supostamente seria maior nos meios virtuais. A burguesa através de sua imprensa explora a posição apresentada por Janja para defender o controle das redes sociais na internet, mostrando como a política identitária é utilizada contra os interesses dos setores populares inclusive das mulheres. 

Para a primeira-dama, a opressão contra mulher seria uma questão de simplesmente educar os homens para não cometerem violência e agressões, como expressado em sua fala: 

Temos muitas outras coisas para fazer pelo governo, mas isso é importante e é por isso que a gente está aqui… A gente quer que os homens estejam com a gente nessa caminhada, eles também precisam falar sobre isso. É impossível que hoje, no século 21, a gente ainda tenha que ficar falando sobre isso, tenha que olhar no rosto de um homem e dizer ‘cara, se toque. Não faça violência, não agrida. Não vai na rede social compartilhar foto que não é verdadeira de uma mulher’”. 

Evidentemente se trata de uma formulação idealista para a questão, uma vez que, não considera eliminar as contradições materiais que resultam em tal fenômeno social. E assim, como numa religião, a solução seria punir os pecadores, ou melhor, os infratores. Embora essa resolução não passe de uma fantasia inexequível, o maior problema está em acreditar que os monopólios dos meios virtuais estariam preocupados com a opressão contra as mulheres.  

“Eu fiquei muito feliz vendo a Google e o Facebook assinando esse protocolo porque é ali [nas redes sociais e internet] que acontece as maiores violências quando se fala de misoginia, de ataque às mulheres… Eu sei muito bem o que eu tenho sofrido nesses meses de governo, com os ataques nas redes sociais, com a exposição do meu corpo, com fotos falsas, com agressões. Então fico muito feliz que são duas mulheres que estão representando aqui o Google e o Facebook. E a gente vai cobrar vocês. A gente vai cobrar vocês para que esses ataques nas redes sociais sejam criminalizados e essas contas sejam excluídas”, declarou Janja. 

Primeiro, deve-se esclarecer que não são nos ambientes virtuais que acontecem as maiores violências contra as mulheres. Considerando que grande parte da população ainda não possui acesso pleno à internet, pode-se concluir que as mulheres são vítimas da miséria material imposta pelo capitalismo também não estão no mundo digital. Não podemos ter quaisquer dúvidas que nada é pior que o flagelo da fome, da miséria, do desemprego, a falta de moradia e terra.  

Ainda que seja um problema, se trata de uma demanda de um grupo bastante restrito das mulheres, ao qual faz parte a primeira-dama como ela mesma destaca. Não se trata de uma reivindicação decisiva para a situação de conjunto das mulheres na sociedade capitalista, mesmo assim busca-se apresentar a questão como urgente e, pior, colocar o antídoto para esse “mal” nas mãos justamente daqueles que são os maiores inimigos das mulheres. 

Mesmo supondo que os monopólios da internet tivessem preocupação na questão da mulher, os meios virtuais expressariam somente a situação concreta da mulher dentro da sociedade. Não é a verbalização do preconceito e da violência que oprime a mulher, mas sua condição de oprimida que resulta nos insultos e ataques. Neste sentido, não podemos acreditar que os capitalistas, que são os responsáveis pela situação de opressão que recai sobre a mulher no regime atual, libertariam as mulheres sem garantir suas condições materiais de vida. 

É preciso ter claro que o suposto combate ao “discurso de ódio”, não somente contra a mulher, mas também aos negros e LGBTs, tem um único objetivo que é garantir à burguesia o controle das redes sociais. A internet é atualmente o meio de comunicação mais democrático que existe, ainda que não garanta atingir grandes massas de pessoas, se trata de uma forma de driblar o domínio dos meios tradicionais pelos capitalistas. Ao colocar o controle da censura nas mãos dos monopólios, e mesmo que fosse atribuído ao poder público, essa democracia desapareceria, como vem acontecendo. 

Na última eleição presidencial dos Estados Unidos, o controle dos conteúdos divulgados nas redes sociais foi utilizado como uma arma política para favorecer Joe Biden, o representante da ala mais poderosa da burguesia imperialista, contra o ex-presidente de extrema-direita, Donald Trump. O pretexto foi justamente o combate ao grande que o discurso do ódio supostamente representa. 

No Brasil, a Suprema Corte do Poder Judiciária promoveu banimentos de perfis da extrema-direita bolsonarista e também da esquerda como foi o caso do próprio Partido da Causa Operária. Nestes casos, a desculpa foi o ataque contra a ordem democrática, não se pode propor nenhuma mudança na estrutura do regime ou criticar os representantes do mesmo. A internet se tornou um perigo para o controle da burguesia sobre a opinião pública, não se trata de outra coisa.  

É, por esse motivo, que o identitarismo está sendo utilizado, para abrir brechas para outros tipos de censura. Até mesmo denúncias como genocídio do povo palestino, que está mobilizando milhões de pessoas em todo o mundo, tem sofrido censurada. A burguesia quer o controle das redes sociais para encobrir seus crimes e calar seus adversários políticos. Por isso, a esquerda deve defender o direito de todos, inclusive aos inimigos e desafetos, expressarem suas ideias e opiniões livremente nos meios virtuais. E, mais, as organizações populares defender a estatização das redes sociais e de toda internet. 

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