O Ministro da Educação, Camilo Santana, assinou portaria determinando a suspensão do novo ensino médio pelo prazo de 60 dias. O editorial do jornal fascista O Globo defendeu o novo ensino médio e se posicionou contra a medida.
O Globo alegou que se esta medida for apenas um freio de arrumação necessário e urgente, será benéfico para o país, mas que o futuro do Brasil estará comprometido se isto se tornar uma oportunidade para “grupos radicais” descarrilharem a reforma do ensino médio.
O jornal de direita alegou o seguinte em seu editorial:
“Revogar a lei de 2017, como querem partidos de extrema-esquerda, é um disparate. Os argumentos são todos falaciosos. Critica-se ter sido aprovada no governo Temer, como se apenas governos de esquerda fizessem boas leis. Ressalta-se que ela foi fruto de uma Medida Provisória (MP), querendo passar a ideia equivocada de ausência de um amplo debate. Mas a MP não apareceu do nada. Incorporou as principais ideias de um Projeto de Lei apresentado em 2013 pelos deputados federais Reginaldo Lopes (PT-MG) e Wilson Filho (Republicanos-PB), com base em debates travados na Comissão Especial para a Reformulação do Ensino Médio, criada em 2012.
O desafio agora é como melhorar o que foi feito, não voltar atrás. Há, sem dúvida, pontos que precisam ser revistos. A lei aumentou a carga horária e dividiu o currículo em dois blocos. Um com disciplinas básicas, como português, física, biologia e matemática. O outro, batizado de itinerário formativo, com programas para aprofundar o conhecimento e a formação técnica e profissional. Exatamente como o ensino médio funciona nos países com os melhores resultados em educação.”
Se percebe que o jornal mandou uma suposta indireta ao PCO com a menção a sua posição política de extrema-esquerda revolucionária de “revogar a lei de 2017”, tendo em vista que, este foi o partido que mais lutou e liderou o movimento nas ruas contra esta lei antipedagógica desde o seu surgimento.
O objetivo da Nova Reforma do Ensino Médio é sucatear o ensino público ao obrigar os professores a lecionarem matérias extracurriculares extremamente irrelevantes que não têm a ver com o que estudaram na faculdade, desorganizando as carreiras docentes, enfraquecendo as conquistas trabalhistas dos professores da rede pública, diminuindo o número de concursos públicos e gastos do Estado com a educação. E por fim, impedindo com que os alunos da escola pública consigam competir com os das particulares em condições de igualdade, obrigando aqueles a se endividarem para cursar faculdades particulares caríssimas.
É importante ressaltar que as escolas particulares não vão ser obrigadas a adotar o Novo Ensino Médio, como foi determinado para as escolas públicas, o que faz com que os alunos com melhores condições financeiras saiam na frente na concorrência providenciada pela indústria do vestibular em busca de uma vaga nas faculdades públicas, excluindo cada vez mais a população proletária do ensino de qualidade.
É importante ressaltar que fundações educacionais privadas lucram com o Novo Ensino Médio, pois elas é que determinam nos Estados brasileiros, em conjunto com os secretários da educação, como será a sua implementação. A fundação Lemann que está implementando a reforma do ensino médio em 19 estados do Brasil, o instituto Itaú Educação e Trabalho está em outra dezena de estados, a FGV etc. São think thanks que estão intervindo na prestação de serviços educacionais, reduzindo os custos do empresariado com convênios públicos e lhes permitindo atuar diretamente sobre a gestão das escolas públicas.
Vale lembrar que foi necessário o golpe de Estado em 2016 para que fizesse tamanho ataque à Educação no Brasil. Inúmeros estudantes e professores estão se movimentando contra essa medida lesiva contra a população.
A vitória eleitoral de Lula para presidente e a pressão popular permitiram suspender o novo ensino médio. Embora apoiemos a suspensão, consideramos que esta medida ainda é insuficiente, e que é necessário retomar e intensificar as mobilizações em prol da completa revogação do NEM.
Precisamos que os movimentos estudantis e o professorado dialoguem diretamente com o governo, para que o ensino seja realmente democrático, além de totalmente gratuito e de qualidade, aberto a todos sem a necessidade de vestibular.