A burguesia usa seus elementos mais rasteiros e carreiristas quando precisa colocar em prática uma política muito aberrante. Usa ao máximo esses elementos, que aparecem na imprensa fazendo todas as barbaridades, depois os descarta como lixo que nem serve para reciclar.
Foi assim no golpe contra o PT. O primeiro foi Joaquim Barbosa, que se colocou à frente do julgamento farsa do Mensalão para prender dirigentes petistas e abrir o caminho para o golpe.
Depois de Barbosa, foi a vez de Sérgio Moro. O juiz paranaense, que ganhou apelido de “Mussolini de Maringá”, não sabe nem falar direito. No entanto, a imprensa capitalista o apresentava como o grande herói nacional enquanto ele colocava em prática suas aberrações jurídicas. O que Moro fez na Lava Jato, além de aberrações, foi crime. Cometeu inúmeros crimes, incluindo o de estar a serviço direto de interesses estrangeiros, até prender Lula.
Joaquim Barbosa ninguém nem sabe por onde anda. Sérgio Moro virou senador, mas sua desmoralização é tão grande que nitidamente ninguém o leva a sério.
A bola da vez é Alexandre de Moraes. Se Barbosa e Moro foram apresentados como os paladinos da farsesca luta contra a corrupção, o ministro indicado pelo golpista Temer é apresentado como o grande caçador de fascista e grande combatente das fake news. Uma coisa tão grotesca que só mesmo pessoas muito ingênuas, como é o caso de setores da esquerda pequeno-burguesa, poderiam acreditar nessa história.
Assim como aconteceu com Barbosa e Moro, quanto mais aberrações Moraes faz, mais sua imagem vai ficando suja. A própria burguesia, que antes o promovia, começa a querer se desligar de sua imagem. O fim de Alexandre de Moraes não será muito diferente dos seus antecessores.
Na imprensa golpista já se começa a perceber certa movimentação apontando os abusos do ministro. O principal articulista do Globo, Merval Pereira, qualificou como “absurda” a decisão de Moraes de obrigar que o Telegram retirasse sua mensagem contra o PL 2630 do ar e ainda obrigar que a mesma plataforma publicasse uma nota dizendo que sua própria opinião era “flagrante e ilícita desinformação, atentatória ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, ao Estado de Direito e à democracia brasileira”.
Merval diz absurda, nós dizemos que a decisão de Moraes é mais abusiva do que muitas decisões tomadas pela Ditadura Militar no que diz respeito à cesura.
A Folha de S. Paulo publicou artigo no último dia 6 de maio comparando as ações de Moraes às da Lava Jato:
“Um ponto contestado por advogados ouvidos pela Folha é o fato de o magistrado avocar para si a responsabilidade de todos os processos sobre o tema e, assim, contornar o princípio constitucional do juiz natural, que só permite o acúmulo de ações com o mesmo magistrado quando há conexão entre as investigações e determina o sorteio de relatoria nas demais situações. O debate sobre o assunto ganhou força após Moraes assumir a investigação da inserção de dados falsos da imunização de Bolsonaro e aliados no sistema do Ministério da Saúde.”
A comparação, além de correta, não é fortuita. Os métodos da Lava Jato são atualmente amplamente contestados por setores da própria burguesia. O que o jornal golpista talvez esteja indicando é que Moraes pode estar indo longe demais.
O UOL, também ligado à Folha, fez reportagem nesse dia 11 afirmando que ‘Superpoderes’ de Alexandre de Moraes incomodam setores do STF e do MPF. O suposto incômodo está relacionado à atuação de Moraes no caso das “fake news” e na conduta sobre as investigações de fraudes na vacinação de Bolsonaro.
Tudo isso pode ser apenas um começo, mas indica que o fim de Alexandre de Moraes não deve ser muito diferente dos seus predecessores. Será usado até o máximo desgaste, depois jogado na lata de lixo. Resta saber qual o estrago que essa política fará contra o povo brasileiro, no caso em questão, vai custar a perda da liberdade de expressão.
Enquanto isso, é preciso denunciar amplamente essa política de censura e exigir o fim do PL das Fake News e de toda a política ditatorial colocada em marcha pelo STF.