Na segunda metade do mês passado, com a apresentação do argentino Eduardo Coudet no Internacional de Porto Alegre, a Série A do Campeonato Brasileiro passou a ter maior número de técnicos estrangeiros nas equipes em disputa. A situação inédita para o maior futebol do mundo é exaltada pela imprensa golpista, a qual busca apresentar números que justifiquem a tendência dos clubes brasileiros em abandonar por completo os técnicos do nosso país.
Os resultados das equipes sob o comando desses treinadores não explicam absolutamente nada, mas serve para o objetivo de emplacar um técnico estrangeiro na seleção brasileira e para o plano final do imperialismo de destruir o melhor futebol do planeta. Dos onze técnicos estrangeiros atuando no futebol de ponta do país, sete são portugueses e quatro são argentinos. Caberia aos impulsionadores dessa política, explicar o que esses técnicos teriam a ensinar ao país do futebol.
O melhor resultado de Portugal em Copa do Mundo, por exemplo, foi um terceiro lugar, pasmem, no ano de 1966. Depois desse acontecimento, a melhor posição foi um quarto lugar em 2006, quando os portugueses estiveram sob o comando do técnico do penta mundial do Brasil, Felipe Scolari. Antes do país ibérico conquistar duas edições de Copa Europeia em 2016 e 2019, o melhor resultado havia sido um vice-campeonato também sob a direção de Felipão em 2004. Então, de onde saiu tanto prestígio?
Em relação aos argentinos que realmente tem um futebol superior ao europeu, mas ainda muito abaixo do brasileiro, a última Copa do Mundo poderia ser utilizada para tentar justificar. Ainda assim, caberia muita discussão sobre a intervenção da arbitragem nos resultados claramente orientada pelos países imperialistas para prejudicar principalmente o Brasil. Mesmo assim, a Argentina conquistou seu tri-mundial mais de 50 anos depois do brasileiro, período em que o futebol brasileiro dominou as competições no continente tanto de seleções como de clubes.
A invasão de técnicos estrangeiros é um fenômeno bastante recente. Um levantamento apontado pelo Globo mostra que, entre 2003 e 2018, apenas 17 técnicos estrangeiros tinham comando equipes na primeira divisão do Brasileirão. No período seguinte, entre 2019 e 2023, um espaço de tempo três vezes menor, esse número mais que dobrou e atingiu a marca de 37 treinadores.
A imprensa golpista faz uma análise bastante “safada”, e não há outro termo para expressar a forma que busca enaltecer os técnicos estrangeiros, afirmando que cinco dos dez clubes que ocupam a metade de cima da tabela de classificação são comandados por esses treinadores. Ora pois, essa mesma lógica deveria valer para parte debaixo da tabela. Na verdade, buscam se valer do resultado de grandes equipes do futebol nacional como é o caso do Botafogo, líder e provável campeão de 2023, para sustentar essa ideia. Mas ao mesmo tempo, ocultam o rebaixamento quase certo da equipe do Vasco da Gama.
Mesmo no bloco de cima há uma crise muito grande no que diz respeito aos técnicos, o Flamengo que é um dos grandes clubes do país já teve três treinadores estrangeiros e nenhum deles parece ter a fórmula mágica para solução dos problemas da equipe. Este exemplo mostra de forma cristalina que a solução para o futebol nacional não passa por essa questão, mas não isso pouco importa porque certamente buscarão transformar esse gigante brasileiro em SAF.
O plano de eliminar os técnicos brasileiros dos principais clubes do nosso futebol também se relaciona com as SAFs. Os treinadores das equipes são responsáveis por declarações à imprensa e muitas das vezes esclarecem que as crises são de responsabilidade da gestão dos clubes, sem os brasileiros no comando os problemas reais ficarão ocultados. Assim como um técnico estrangeiro na direção da seleção brasileira, também se absterá de denunciar os problemas de responsabilidade da CBF, a qual tem uma escola de formação de técnicos que parece não serve para nada.
Um plano perfeito para levar a total falência o maior futebol do mundo.