Ocorreu no dia 27 de março, na sede da Conmebol (Luque/Paraguai), o sorteio da composição dos grupos para a disputa do mais importante torneio de clubes do futebol sul-americano, a tradicional e cobiçada Taça Libertadores, uma das mais disputadas e difíceis competições de todo o calendário futebolístico mundial.
Sete times brasileiros participam dessa atual edição do torneio, com destaque para os últimos campeões da competição, Palmeiras (2020 e 2021) e Flamengo (2019 e 2022), com dois títulos cada. A última vez que um time não brasileiro levantou a taça aconteceu em 2018. A disputa se deu entre dois times argentinos, o River Plate e o Boca Juniors, com o título indo para o River. A curiosidade em relação a essa disputa ficou por conta de que a final ocorreu na Espanha, terra dos colonizadores, em franco antagonismo ao caráter da competição sul-americana, criada para exaltar a luta dos libertadores da América contra os opressores europeus.
A hegemonia do Brasil nos últimos quatro anos coloca o futebol nacional como o maior favorito à conquista do título, não somente pelo número de clubes brasileiros participantes, mas principalmente pela superior qualidade técnica do nosso futebol ante aos demais adversários de outros países.
Se fala muito sobre a suposta superioridade do futebol europeu em relação ao sul-americano. A Liga dos Campeões da Europa é o torneio de clubes do velho continente que corresponde à Libertadores, tido como o torneio de clubes mais competitivo e difícil, cujo nível técnico seria o mais elevado do futebol mundial. As coisas, no entanto, não são bem assim; ou tudo isso precisa ser relativizado. O suposto “nível técnico elevado” da competição europeia se dá em função da enorme presença de jogadores estrangeiros nos times do velho continente e esses futebolistas que dão brilho e vibração aos gramados da Inglaterra, Espanha, França, Itália, Alemanha e outros, são provenientes de clubes do futebol africano e sul-americano.
Trata-se dos altos investimentos que as corporações capitalistas que controlam o futebol mundial fazem nos clubes europeus, buscando no exterior as estrelas que irão dar brilho ao enfadonho e burocrático futebol da Europa. Isso já não acontece entre os times do continente sul-americano, que quase não importam jogadores (ultimamente só aparecem por aqui técnicos que buscam descaracterizar o futebol do nosso continente).
Observando a composição de cada grupo, são muito boas as chances de todos os representantes nacionais avançarem a outra fase, mesmo reconhecendo o alto grau de dificuldade dos jogos, particularmente em relação aos confrontos contra os argentinos, ou na altitude contra times da Bolívia, Peru e Equador.
Dos brasileiros, a menor sorte teve o Fluminense, que além do River Plate (Arg) enfrentará (na altitude) os bolivianos do The Strongest e os peruanos do Sporting Cristal. Mas o Flu tem hoje um dos melhores elencos do Brasil e certamente irá superar mais esse desafio.