De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2019, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% dos brasileiros tinham uma renda mensal inferior a R$ 3.422, enquanto os 10% mais ricos detinham uma fatia significativa dos recursos. Esse abismo na distribuição de renda é assustadoramente evidente, demonstrando que a riqueza do país não é compartilhada de maneira justa e equitativa.
O “ponto de corte” que separa os 1% mais ricos do restante da população estava em espantosos R$ 28.659. Enquanto isso, a base dos 90% que ganham menos de R$ 3.422 é composta principalmente por aqueles que recebem até dois salários mínimos, equivalente a R$ 1.871 na época. Isso significa que a grande maioria dos brasileiros luta diariamente para atender às necessidades básicas, como alimentação, saúde, moradia e educação e riqueza produzida por milhões de trabalhadores fica nas mãos de poucos.
O Brasil precisa se industrializar
O Brasil possui vastas riquezas naturais, desde suas vastas reservas de petróleo, de minérios, até sua exuberante biodiversidade e terras férteis. Esses recursos poderiam ser utilizados para industrializar o País e melhorar significativamente a qualidade de vida da população. No entanto, essas riquezas são exploradas em benefício de interesses privados e para os estrangeiros, deixando a maioria da população à margem dos benefícios.
Há inclusive, uma forte campanha internacional que pressiona o governo brasileiro, a deixar todas a natureza intocável em benefício de salvar todo o Planeta, enquanto milhões de brasileiros passam fome.
Os bancos e as privatizações
Parte significativa do problema da desigualdade no Brasil reside na concentração de poder e recursos nas mãos de poucas instituições financeiras e grandes empresas. Os bancos, por exemplo, recebem uma parte substancial do orçamento nacional, em detrimento de investimentos em setores cruciais como saúde e educação.
Os dados nos mostram como é grande o roubo dos bancos da riqueza gerada pelos trabalhadores. Em 2022, o Orçamento Federal foi de R$ 3,861 trilhões, com 50,78% destinados a pagamentos de juros e amortizações da dívida pública. Em 2021, o governo gastou R$ 1,96 trilhão com esses pagamentos, um aumento de 42% em relação a 2020, resultando em uma Dívida Pública Federal de R$ 7,643 trilhões. A dívida interna federal era de R$ 7,378 trilhões e a externa de US$ 565 bilhões em 2021. Em 2019, o país pagou cerca de R$ 2,8 bilhões por dia em juros e amortizações, subindo para R$ 3,8 bilhões em 2020 e R$ 5,4 bilhões em 2021. A dívida, embora substancial, não se reflete em investimentos no país. Os bancos argumentam que os juros são repassados para a economia, mas a prioridade nos gastos recai nos pagamentos da dívida, prejudicando toda a população. Grandes bancos recebem cerca de 51% do Orçamento Federal, enquanto apenas 4,18% são destinados à Saúde e 2,49% à Educação. Essa alocação desigual de recursos perpétua o atraso econômico do Brasil.
Quando não são os bancos para sugar todo o rendimento brasileiro, a privatização de grandes empresas brasileiras também contribui para o problema. Quando os lucros dessas empresas são enviados para o exterior, a economia brasileira perde uma oportunidade valiosa de reinvestir em seu próprio desenvolvimento.
O Brasil é, indiscutivelmente, um país rico, repleto de recursos naturais e potencial econômico. No entanto, enquanto o imperialismo ditar sobre o desenvolvimento brasileiro, os bancos usurparem dos orçamentos e as privatizações abocanhar os lucros, o Brasil continuará um país rico com uma vasta população miserável.