Ser candidato acreditando poder ganhar a eleição burguesa é um problema. Ser candidato e ter uma política oportunista é um problema maior. Ser candidato oportunista com o apoio de parte importante da burguesia é um problema ainda mais sério.
A perspectiva de ganhar a eleição, faz o esquerdista oportunista fazer qualquer coisa, inclusive defender uma política reacionária achando que assim não vai desagradar a burguesia e não vai perder votos.
É tudo isso o que parece ter estimulado a declaração direitista de Guilherme Boulos sobre a questão da palestina. Aliás, com exceção das postagens que o deputado do PSOL fez para se defender das “acusações” da direita de que apoiaria o Hamas, a declaração a seguir foi a única de Boulos sobre o caso, feita no seguinte ao início do conflito, ou seja, faz 10 dias que Boulos não se pronuncia sobre o caso, como se nada estivesse acontecendo em Gaza.
Nada como o instinto de preservação de votos!
“Minha defesa dos direitos do povo palestino é pública. Cheguei inclusive a realizar uma visita à Cisjordânia em 2018, da qual os bolsonaristas estão utilizando imagens para propagar Fake News.
Agora, condeno sem meias palavras ataques violentos a civis, como os que mataram nas últimas horas 250 israelenses e 232 palestinos. Deixo minha solidariedade às vítimas e seus familiares.
Defendo uma solução pacífica e duradoura, que passe pelo cumprimento do direito internacional e das resoluções de paz.”
Isso é tudo o que tem a dizer Boulos sobre a questão da Palestina. Primeiro, a enrolação de que defende os direitos, que visitou a Cisjordânia cinco anos atrás, amenidades que não dizem nada.
Depois das amenidades que não servem para nada e que não provam apoio político a nada, Boulos condena, “sem meias palavras” os ataques contra civis que mataram israelenses e palestinos. Não é belo isso? Os palestinos mataram civis, Israel matou civis, todos estão errados, ninguém está certo.
Uma declaração canalha, disfarçada com a historinha inicial do “visitei a Cisjordânia”. A posição de Boulos é quase a mesma da posição do imperialismo, com a diferença que o imperialismo fala das “mortes de civis de ambos os lados” para justificar o verdadeiro massacre que estão promovendo contra o povo palestino. Na realidade, Boulos não tem exército, mas sua posição também serve para encobrir esse massacre.
“Sem meias palavras”, Boulos está defendendo o Estado genocida de Israel. Guilherme Boulos é o cara que condenaria as mortes de ambos os lados na repressão contra o Quilombo de Palmares.
A “paz” e a “solução pacífica” que quer Boulos, a julgar por sua condenação das ações do Hamas, é a paz que prevê a continuidade do massacre dos palestinos. Isso deve ser dito, sem meias palavras.
É uma vergonha uma pessoa de esquerda ter uma posição como essa. Nada como o instinto de preservação de votos do esquerdista oportunista. O problema é saber se uma posição tão direitista vai funcionar.