O blogueiro e colunista do Brasil 247, Eduardo Guimarães, publicou um artigo bastante pertinente, chamado “O interesse SUSPEITO dos EUA no STF”, sobre as recentes declarações do humorista Gregório Duvivier feitas em seu programa na rede norte-americana HBO sobre o novo ministro do STF, Cristiano Zanin.
O apresentador fez piada com a escolha de Lula, usando as acusações contra Zanin que encheram as páginas dos jornais golpistas nos últimos dias, de que o ministro e ex-advogado de Lula seria conservador.
No programa, Duvivier anuncia um site para divulgar uma lista tríplice ao STF para o presidente Lula seguir. Por trás do ridículo da proposta e das piadinhas sem graça de Duvivier está a pressão para que Lula não escolha uma pessoa de sua confiança para o cargo, mas uma “mulher negra”. Essa política está disfarçada sob o manto da demagogia identitária, como se o simples fato de escolher uma mulher negra fosse garantia de que a ministra fosse alguém minimamente progressista.
Sobre isso, Eduardo Guimarães comenta que “Lula já acreditava em que era preciso pôr um negro no STF quando Greg era um adolescente de 17 anos. Em maio de 2003, há mais de vinte anos, o então primeiro presidente da República de origem humilde da história brasileira, um operário de cinquenta e tantos anos, indicava o primeiro negro para o STF em mais de um século”, e completa: “Gregório Duvivier e a militância de esquerda cobram Lula por uma mulher negra no STF, mas parecem ter esquecido que ele é o único presidente que você, leitor, conhece que já indicou uma pessoa negra para o Tribunal. Aliás, Lula é o primeiro presidente a indicar um negro para o STF desde 1937, há 86 anos.”
Como está claro, Guimarães se refere à escolha de Joaquim Barbosa. Hoje, os identitários, seguindo a orientação do imperialismo, acusam Lula quase de ser um racista por nomear um “homem branco”, mas realmente não falam que o mesmo Lula já pensava nisso 20 anos atrás. E a experiência fez com que Lula descobrisse que essa consideração não vale um tostão furado. Basta lembrar que Barbosa tornou-se o iniciador do golpe de Estado.
Guimarães explica bem qual foi o resultado da escolha de um “homem negro” no STF:
“infelizmente a boa-intenção de Lula lá (em 2003) não foi acompanhada de um final Feliz. No fatídico ano de 2012, Joaquim Barbosa foi buscar uma teoria do jurista alemão Klaus Roxim para condenar José Dirceu no escândalo do mensalão. E Barbosa fez escola… No igualmente fatídico ano de 2018, quando a insensatez do eleitorado brasileiro elegeu um psicopata ladrão para governar o Brasil, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria mostrando que a estratégia do primeiro negro indicado para o STF em quase um século seria usada para colocar na cadeia o autor dessa indicação.”
Joaquim Barbosa e a aberrante teoria do “domínio do fato” ajudou a prender os dirigentes do PT no julgamento farsa do mensalão, o que abriu o caminho do golpe de Estado e na posterior prisão de Lula. O primeiro homem negro no STF acabou num verdadeiro desastre, para Lula, para o povo, para os negros.
Eduardo Guimarães continua, e faz uma importante relação entre o apresentador de uma emissora norte-americana e o desejo expressado por duas representantes de Joe Biden, em visita ao Brasil:
“Mas o grande humorista e a combativa militância progressista não estão sozinhos nessa luta valorosa. Exatos 20 anos após Lula indicar Barbosa para o STF, em 10 de maio de 2023, o jornal Folha de São Paulo divulgou que uma representante do governo de Joe Biden chamada Desirée Cormier Smith chegou a este país dizendo que ‘já passou da hora de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter uma ministra negra. A representante americana veio ao país ao lado da embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, para discutir ações conjuntas de combate à desigualdade racial no Brasil e nos EUA'”.
Muitíssimo pertinente o que afirma Guimarães. Realmente, Duvivier e a esquerda identitária não estão sozinhos em sua preocupação com a “representatividade e diversidade no STF”. Será que a opinião da embaixadora dos EUA na ONU e da representante do governo Biden tem alguma relação com a emissora onde trabalha o humorista. Suspeito, não é? A opinião de Duvivier é a opinião da HBO que por sua vez é a opinião do governo norte-americano, é o imperialismo quem está pedindo a tal “mulher negra” para o STF.
Já passou da hora de a esquerda brasileira se decidir se vai repetir como papagaio a política imperialista e se vender de uma vez por todas ou se vai defender para o Brasil uma política de defesa dos interesses do povo brasileiro.
Eduardo Guimarães conclui que “nomear um negro, uma mulher, um homossexual ou alguém ‘terrivelmente evangélico’ para o STF não ajuda em nada a melhorar a desigualdade brasileira.” Isso é óbvio, ainda mais quando os defensores de tal ideia são os maiores genocidas da história humana.
Abaixo, a coluna, na íntegra:
https://www.brasil247.com/blog/o-interesse-suspeito-dos-eua-no-stf