Estados Unidos

Blinken assume que não tem mais dinheiro para a Ucrânia

Em coletiva de imprensa, o Secretário de Estado norte-americano admite incapacidade de seguir financiando o fiasco da aventura militar na Ucrânia, um sinal da crise imperialista.

Na última quarta-feira, o Secretário de Estado dos Estados Unidos deu uma entrevista coletiva em Washington. Antony Blinken recebeu setores da imprensa do país e apresentou uma espécie de balanço do ano e da administração Biden até o momento, buscando obviamente pintar um quadro positivo mirando a corrida eleitoral em 2024. Em meio a falsificações da realidade, onde procura mostrar o governo Biden como um sucesso, Blinken deixou escapar verdades sobre a incapacidade do imperialismo em manter sua dominação sobre o planeta.

O tema da guerra na Ucrânia foi abordado logo no começo da sua fala de abertura. Cinicamente, Blinken apresenta o caso como um “sucesso da Ucrânia”, diante do que seria um “fracasso estratégico” da “agressão da Rússia”. Esse “sucesso” estaria relacionado com o suposto “apoio internacional”, exemplificado pelos 110 bilhões de dólares que os países imperialistas da Europa investiram na aventura militar norte-americana.

Ignorando convenientemente que o mundo inteiro já entendeu que a Rússia nunca quis ocupar a Ucrânia, mas desmontar a organização de uma agressão de larga escala na sua fronteira oeste. A comparação entre a operação militar russa e o genocídio praticado por “Israel” explicita o quão cirúrgicos os militares russos têm sido. Se fossem bombardear as cidades ucranianas, como os sionistas fazem na Palestina, não existiria mais Ucrânia há muito tempo. Blinken ignora o que todos sabem, repetindo que o objetivo de Putin seria apagar a Ucrânia do mapa, anexando seu território. Contrariando os fatos, diz que hoje “a Rússia é mais fraca militarmente, economicamente e diplomaticamente”.

Blinken completa sua fala inicial exaltando o que seriam outros casos de “sucesso” da atual gestão de Joe Biden, como Afeganistão, Iêmen e o estrangulamento político e econômico da China. Nas palavras do Secretário de Estado: “continuaremos a colaborar com a China a partir de uma posição de força”. Mesmo provavelmente escalando um time da imprensa “chapa branca”, Blinken acabou tendo suas falas cautelosamente confrontadas com a repercussão internacional desses “sucessos”, entre os quais Blinken teve a ousadia de relacionar inclusive as ações dos Estados Unidos diante do genocídio palestino.

Questionado sobre existir um “impasse na Ucrânia”, sem “nenhum novo pacote de ajuda”, Blinken repetiu por algumas vezes a importância da Ucrânia “manter-se sozinha”, “manter-se forte por si só”. Ao mesmo tempo admitindo que a corrupção no atual regime ucraniano seria um problema importante a ser combatido, não colocou como uma alternativa próxima injetar mais dezenas de bilhões de dólares nessa aventura militar falida. Mais adiante, um dos jornalistas foi mais direto sobre o fracasso na Ucrânia:

“Você tocou neste assunto em relação à Ucrânia, mas há uma preocupação crescente internacionalmente de que novos atrasos ou a negação total da assistência dos EUA e da UE à Ucrânia possam levar a uma vitória russa, talvez em 2024. A administração disse que não há fundos adicionais aproveitar a aprovação ausente do Congresso do pedido de financiamento suplementar. Então, realisticamente, quero dizer, quanto tempo poderá a Ucrânia resistir sem apoio ocidental adicional? São semanas? São meses? E qual é a estratégia de longo prazo? Eu sei que você falou que foi um ano difícil, dada a luta para recuperar grande parte do território que a Rússia conquistou. Obrigado.”

Vale a pena reproduzir pelo menos o começo da resposta de Blinken, onde cai por terra a mentira que o representante do governo Biden distribuiu no começo da coletiva de imprensa:

“Primeiro, para enfatizar algo que você disse, além do pedido suplementar que o presidente fez ao Congresso, não existe um pote mágico de dinheiro do qual possamos sacar. A assistência, o apoio que designamos para a Ucrânia está se esgotando; está acabando. Estamos quase sem dinheiro de que precisamos e quase sem tempo. Não posso definir uma data precisa, mas é nessa direção que as coisas estão avançando, o que sublinha a urgência de aprovar este pedido de orçamento suplementar”.

Esse foi certamente o momento mais marcante da entrevista de Blinken, inclusive pela escolha de palavras. Ao dizer que “não existe um pote mágico de dinheiro” para seguir financiando a aventura militar na Ucrânia, o secretário admite publicamente o fracasso da operação. Para a população dos Estados Unidos, isso destaca que dezenas de bilhões de dólares foram simplesmente desperdiçados numa derrota militar bem longe das fronteiras do país; para o resto do mundo, mostra a debilidade dos donos do mundo, que vão acumulando fracassos nas suas intervenções sobre os países atrasados.

É nesse contexto que povos e países oprimidos pelo imperialismo estão cada vez mais confiantes para se levantar contra essa dominação decadente. A Venezuela é um dos exemplos recentes, mantendo um regime político nacionalista há pouco mais de duas décadas, vem agora realizando uma campanha política para reaver um território rico em petróleo. Os grupos armados da resistência palestina também são um exemplo recente de oprimidos que sentiram a fragilidade da dominação imperialista e estão mostrando a mais pessoas o nível dessa fragilidade. O Estado de “Israel” simplesmente não conseguiu libertar nenhum refém por fora das negociações com esses grupos, negociações que os sionistas recusaram ainda no começo de outubro.

O próprio governo norte-americano admitiu ao mundo que não tem condições de financiar ao mesmo tempo as guerras na Ucrânia e em “Israel”. Quanto tempo mais para declarar falência e se ver incapaz de financiar qualquer nova intervenção militar de grande porte?

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