No dia sete de março, a Rede Bandeirantes divulgou uma matéria criminosa, que foi ao ar no Jornal da Band, e claramente encomendada por latifundiários da região do Extremo Sul da Bahia. Na reportagem do Jornal da Band, os índios Pataxó são classificados como falsos índios que estão ‘invadindo’ terras de agricultores da região dos municípios de Porto Seguro, Prado, Itamaraju e Itabela, na Bahia.
Também são apresentadas filmagens que não condizem com a situação e até usam índios Pataxó que fazem declarações afirmando que não são índios e que estão fazendo as retomadas. Estas estão fora do contexto, foi declaração realizada há dois anos e que não se refere às atuais retomadas.
A reportagem do Jornal da Band foi claramente encomendada para atacar os índios Pataxó. A ‘agricultora’ que aparece no vídeo, Hindianara Carneiro, não é uma agricultora e sim uma latifundiária do Extremo Sul da Bahia e pertence a uma família de grileiros de terra da Terra Indígena Barra Velha que vem sendo reivindicada desde a década de 1940.
Band ‘esquece’ dos assassinatos realizados pelo latifúndio
A reportagem criminosa da Rede Bandeirantes não diz em nenhum momento que os ‘coitadinhos’ latifundiários e grileiros da Terra Indígena Barra Velha já comandaram o assassinato de pelo menos quatro indígenas desde junho do ano passado.
Em setembro de 2022, o indígena Gustavo Silva da Conceição, pataxó de apenas 14 anos, foi assassinado na retomada da Terra Indígena (TI) Comexatibá, e outro indígena de 16 anos foi ferido no braço por um disparo de arma de fogo.
No dia 13 de setembro de 2022, o cadáver do pataxó Carlone Gonçalves da Silva, de 26 anos, que estava desaparecido desde 21 de setembro, foi encontrado entre as aldeias Cassiana e Boca da Mata, próximo ao local onde se concentram os pistoleiros na Fazenda Brasília.
No dia 17 de janeiro deste ano, Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25 anos, e Nawir Brito de Jesus, 17 anos, foram assassinados a tiros em Itabela, próximo ao distrito de Montinho, por pistoleiros (sendo um PM) contratados por latifundiários.
O fato do Jornal da Band sequer citar a violência contra os índios mostra que a matéria tem um claro objetivo: aumentar e justificar a violência dos latifundiários contra os índios Pataxó na luta pela demarcação de suas terras. E mostrar os latifundiários que contratam pistoleiros e policiais militares e civis para matar indígenas como pessoas de ‘boa-fé’ e que são incapazes de violência ou de grilar grandes extensões de terra.
Band quer mais violência contra os índios Pataxó
Fica evidente que a reportagem encomendada tem um objetivo principal: justificar os assassinatos e a violência realizada contra os Pataxós, e ainda justificar novas ações violentas do latifúndio preparando mais um massacre.
A Band quer estimular a violência dos latifundiários e da polícia contra os índios, afirmando que são falsos Pataxó e criminosos que estão querendo pilhar os latifundiários.
Tanto é assim, que após a reportagem, o Sindicato Rural de Itabela convocou uma reunião com os latifundiários da região próximo ao local onde foram assassinados os dois indígenas Pataxó, em janeiro deste ano, no distrito de Montinho. Estão vendo as condições para realizar novos ataques aos índios e a luta pela terra.
Então, é preciso se organizar contra os ataques dos latifundiários que estão formando uma milícia com policiais militares e civis, e criar comitês de autodefesa dos índios Pataxó diante dessa organização e violência do Estado e do latifúndio. Assim como existem os Guardiões da Floresta em terras indígenas do povo Guajajara no Maranhão, e outros tantos que existem para realizar a proteção de seus povos e de suas terras.
Aqui, no Extremo Sul da Bahia, é extremamente necessária a formação de um Comitê de Autodefesa, envolvendo inclusive outros movimentos de luta pela terra para enfrentar essa situação.
Veja os vídeos de lideranças repudiando a reportagem da Band: