Dia 28 de setembro é o dia dos bancários e, logicamente um dia para ser lembrado e exaltado pelos feitos da categoria nos meados do século XX. Naquela época, o Sindicato dos Bancários de São Paulo entrou em greve por reajuste salarial, em resposta a negativa dos patrões ao apresentarem uma proposta irrisória, quando os trabalhadores reivindicavam 40% de reajuste salarial. A greve se espalhou por todo o país, mas os demais sindicatos, não aguentando a pressão dos banqueiros, aceitaram a proposta patronal. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, numa demonstração de força dos trabalhadores, manteve a greve, arrancando, depois de 69 dias de greve, uma expressiva vitória, obtendo um reajuste nos seus salários de 31%. Tal vitória foi um exemplo de luta, não só para os trabalhadores bancários, mas para as demais categorias, o que levou a ser instituído o dia 28 de agosto como o dia do bancário.
Nos dias de hoje, ao contrário das afirmações da burocracia sindical “que os bancários têm o que comemorar no seu dia”, o que se vê, na realidade, é ao contrário disso. Se os bancários na década de 1950 tinha o que comemorar com a sua memorável vitória sobre os banqueiros e seu governo, hoje a categoria comendo o pão que o diabo amassou através da ofensiva reacionária dos patrões. Só para se ter uma noção desses ataques, uma categoria que, naquele período, contava com cerca de um milhão de trabalhadores, hoje essa mesma categoria conta com um pouco mais de 450 mil, isso sem falar na política sistemática de arrocho salarial (hoje o salário de ingresso de um escriturário está nos míseros R$ 2.664,93), demissão em massa, terceirização, assédio moral, etc.
Em função da política de capitulação da burocracia sindical nas mesas de negociações com os banqueiros, não impulsionam uma campanha salarial realmente de luta pelas reivindicações da categoria. Ao invés de impulsionar uma campanha real buscaram acordos com os banqueiros, que trazendo um enorme prejuízo para o conjunto dos bancários. Não avançam na organização sindical e política da categoria na perspectiva de mobilização para a greve dos bancários. As “campanhas salariais” no final das contas ficam reduzidas na defesa da manutenção de direitos, que os banqueiros tentam a todo o custo retirar: 13ª cesta alimentação, diminuição nos valore da PLR, corte nos 5 dias abonados anuais, no caso do BB, etc. As demais reivindicações, como reajuste das perdas salariais, roubados pelos banqueiros, aumento real, estabilidade no emprego, dentre outras, embora constem nas pautas de reivindicações não passaram de meras formalidades.
Além disso amarraram os pés e as mãos da categoria nos famigerados acordos bianuais e, conforme a campanha do ano passado, que vale até 2024, mal assinado o acordo da campanha salarial, os banqueiros passaram para uma ofensiva reacionária e, demitiram em massa os trabalhadores bancários, aumentaram os ataques através das reestruturações, onde os banqueiros estão cortando funções, fechando agências e dependências bancárias, aumento da carga horária, intensificação do assédio moral, além da política de privatização dos bancos públicos.
Nesse sentido para que a categoria bancária realmente possa comemorar o seu dia, é necessário que as atuais direções sindicais arregacem as mangas e passem a atuar numa perspectiva de enfrentamento contra os inimigos históricos dos bancários: os banqueiros. A vitória da categoria somente poderá ser assegurada se houver uma radicalização da luta para barrar os ataques dos banqueiros