Tarcizio Ramos
Viemos acompanhando nos últimos anos, mais especificamente a partir do segundo trimestre de 2022, a escalada compulsória da taxa de juros no país e que a partir de setembro do mesmo ano consolidou-se no patamar de 13,75% ao ano, e desde então não desceu mais. Esse patamar de juros elevados fez com que o governo Lula, desde sua posse, se contrapusesse às medidas tomadas por Campos Neto, hoje presidente do Banco Central (Bacen) indicado e alinhado com o bolsonarismo.
A fim de se justificar, o Bacen de Campos Neto põe na inflação e nas chamadas “incertezas fiscais” (“que o governo Lula apresenta”) todo o peso sobre consolidação da taxa básica de Juros Brasileira em 13,75%. A lógica é simples, ao subir os juros o país torna o dinheiro “mais caro” e priva a circulação do mesmo no mercado interno, visando atrair investimentos do mercado financeiro interno e externo, ou seja, pagar juros para acionistas estrangeiros, seguradoras e bancos visando diminuir a pressão sobre os preços praticados, reduzindo a inflação. Porém, como é sabido, a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Ao elevar os juros para um patamar tão elevado, não se leva em consideração a questão social no país.
Os juros elevados mudam a forma de consumo das pessoas, afetando assim os empregos diretamente, quando uma pessoa deixa de comprar um carro, casa ou qualquer coisa que seja por conta do alto valor das parcelas de um financiamento, acaba que afetando toda a cadeia de mercado de trabalho dessa área. Segundo estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP, mostra que o aumento de um ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, aumenta o desemprego de homens negros em 1,22 pontos percentuais em relação a homens brancos. Além dos desempregos crescentes nas áreas onde se encontram as pessoas mais vulneráveis, existe também o grande índice de endividamento que leva consequentemente a situação precárias, onde o acesso ao crédito é dificultado e falta dinheiro para tudo. Com os altos índices de endividamento e a crescente do desemprego por conta dos juros altos, sobretudo aos mais vulneráveis, a onda de despejos cresce no país e a tomada de casas pelos bancos torna-se mais comum, segundo o canal de comunicação auditoria cidadã a conta é simples, a cada 1% de juros que Banco Central aumenta gera-se um rombo de 40,1 bilhões de reais, ou seja, a cada 1% de juros a menos temos 230 mil moradias. Haja vista que o cenário de inadimplência no país cresce e o endividamento leva as famílias para situação de rua, o Banco Central está suicidando Brasil e sufocando os mais pobres. Baixar os juros pode ajudar não só o povo voltar a trabalhar, mas principalmente reduzir a ameaça de despejos e trazer dignidade ao povo!
Artigo publicado, originalmente, em 14 de junho de 2023.