A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou uma operação, na manhã da terça-feira (14), para cumprir nove mandados de prisão e 23 ordens de busca e apreensão contra supostos nazistas. Com apoio das polícias do Paraná, São Paulo e Ceará, foram apreendidos materiais de “apologia ao nazismo”, armas brancas e simulacros de armas de fogo, segundo informações divulgadas na imprensa burguesa.
A ação faz parte da operação Acelerar, que iniciou em junho com a participação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). O grupo estaria sendo investigado desde então e divulgava mensagens de tendência “neonazista, antissemita e racista”. Supostamente, tinha o objetivo de recrutar jovens pelas redes sociais para cometer crimes como ataques a escolas.
A imprensa apela aos atentados em escolas e à ideologia nazista para justificar as operações da polícia. Essa operação, todavia, é mais um ataque aos direitos democráticos do povo brasileiro. Primeiro, trata-se de mais uma operação “secreta” na qual os membros de uma organização são presos, apresentados na imprensa como perigosos para a sociedade, sem que haja a divulgação de nenhum crime concreto.
Segundo, e mais importante, é uma operação política, que ataca organizações de extrema-direita pela sua ideologia – como tem ocorrido com mais frequência nos últimos anos. Assim, as polícias brasileiras atuam como polícia política, instrumento antidemocrático das ditaduras.
Na semana passada, a Polícia Federal atuou a serviço da inteligência de Israel, o Mossad, um instrumento do imperialismo, para prender supostos “terroristas” do partido político libanês Hesbolá. Numa clara operação orquestrada pelo imperialismo – que utilizou a PF para realizar o golpe contra o governo do PT em 2016 através da Lava Jato – foram presos supostos terroristas em uma ação conjunta tenebrosa, sem que nada fosse revelado para justificar tais prisões.
Tal fato, além de ser um ataque à soberania brasileira, revela que aqueles que se empolgam com o “combate ao nazismo” não devem se iludir. Com o pretexto de combater o “terrorismo”, o “discurso de ódio”, o “nazismo”, a polícia passa por cima dos direitos democráticos e ataca organizações que se enfrentam com o imperialismo. É o caso do Hesbolá, que está na linha de frente da ofensiva contra o Estado genocida de Israel, um enclave imperialista no Oriente Médio.
Nesse sentido, o nazismo é um bicho-papão para conquistar a opinião pública e, assim, abrir a porteira para perseguir qualquer organização com base em um pretexto fútil, sem precisar justificar absolutamente nada. Afinal, com toda a cobertura da imprensa golpista, foi o que aconteceu com o PT durante a Lava Jato. Também foi o que aconteceu quando cassaram as redes sociais do PCO (Partido da Causa Operária) por criticar os abusos do STF (Supremo Tribunal Federal) e defender seu programa político contra a existência de Supremas Cortes.
A operação contra os nazistas do Rio Grande do Sul é extremamente suspeita. Uma das principais entidades sionistas do Brasil, a Conib (Confederação Israelita do Brasil), prontamente defendeu a operação da Polícia Civil nas redes sociais. Não seria estranho que o Mossad estivesse novamente por trás da operação policial.
Finalmente, o “combate ao nazismo” não passa de uma política demagógica da direita imperialista no Brasil. Quando for necessário, esses mesmos nazistas serão mobilizados contra a classe operária e o movimento popular, como aconteceu na época do golpe, quando a escória de extrema-direita foi colocada nas ruas pelos “democratas” para derrubar um governo democraticamente eleito.
As polícias são ferramentas da burguesia para reprimir a população pobre e orquestrar operações políticas. Não adianta exigir apenas a desmilitarização da Polícia Militar. Como ficou claro nas últimas semanas, a PF e a Polícia Civil também são utilizadas para fazer o trabalho sujo. A Polícia Civil, assim como a PM, realiza inúmeras chacinas em favelas e bairros pobres, enquanto a PF atua ao lado do imperialismo contra os interesses nacionais. É necessário extinguir todas as polícias.