Centenas de trabalhadores participaram nesta quarta-feira (19) de um protesto que reivindicou a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), unidade do Sistema Petrobras localizada em Araucária.
O ato aconteceu em frente à fábrica e foi convocado pelos sindicatos dos petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC), dos petroquímicos (Sindiquímica-PR) e dos trabalhadores em montagem e manutenção industrial (Sindimont PR), assim como pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A Fafen-PR foi fechada pela Petrobras em março de 2020, sob determinação do governo de Jair Bolsonaro (PL). A medida causou a demissão de aproximadamente mil trabalhadores, entre próprios e terceirizados. A unidade operava desde 1982 e era responsável pela produção de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia e 65% do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas. Sua reabertura vai contribuir para diminuir a dependência brasileira de fertilizantes nitrogenados importados.
O presidente do Sindipetro PR e SC, Alexandro Guilherme Jorge, enalteceu a união de trabalhadores do campo e da cidade no protesto. “Estamos aqui para cobrar que a Fafen, paralisada há três anos, volte a funcionar e que a gente reverta a privatização da Usina do Xisto (SIX). Tivemos a honra de receber os trabalhadores do MST, que incluíram na jornada do Abril Vermelho essa nossa manifestação. Praticamente duas mil pessoas estiveram neste ato para colocar essa pauta muito fortemente para o Governo Federal e para as lideranças políticas estaduais. A gente quer a reabertura da Fafen o mais breve possível. Vamos seguir mobilizados e lutando por isso”.
“Nós, os trabalhadores e trabalhadoras, alertamos sobre o risco que representava o fechamento da Fafen. Contudo, mesmo assim, o desgoverno Bolsonaro resolveu fechar e o Brasil ficou sem fertilizantes, pagando um preço absurdo. Esse foi o retorno para a sociedade. Isso sem contar as vidas e famílias destruídas com o fechamento da fábrica. Seguimos na luta para que a reabertura aconteça da forma mais celere possível”, destacou o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.
Para Roberto Baggio, da coordenação nacional do MST, a luta pela reabertura da Fafen é de interesse de toda a nação. “Estamos na nossa jornada do Abril Vermelho, na qual os trabalhadores do campo estão indo para as cidades em todo país para se unir aos trabalhadores urbanos. Aqui no Paraná nós nos somamos à essa luta histórica da FUP, do Sindipetro e do Sindiquímica no sentido de reabrir a Fafen para que ela possa voltar a produzir fertilizantes e diminuir a nossa dependência externa desse insumo. Isso vai contribuir para alcançarmos a soberania nacional no setor, baixando os custos de produção agrícola e beneficiando principalmente os pequenos e médios agricultoras. A consequência será o aumento na produtividade de alimentos, geração de milhares de empregos e crescimento da arrecadação do estado brasileiro”.
Ainda segundo Baggio, essa grande unidade dos trabalhadores do campo com os petroleiros e petroquímicos “faz parte de um processo para reconstruir o Brasil e gerar a cultura da solidariedade, da paz e da amizade e companheirismo na classe trabalhadora”.
Após as intervenções de lideranças sindicais e políticas durante o ato, ocorreram palestras nas tendas armadas em frente à Fafen sobre a cadeia produtiva do setor petróleo e sua importância para o desenvolvimento econômico e social do país, voltadas aos militantes do MST.
Abril Vermelho
Durante todo o mês de abril o MST realiza a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, organizada em todo o país, para reafirmar a centralidade da luta pela terra no Brasil e a importância de implantar um projeto de Reforma Agrária para desenvolver o campo, produzir alimentos saudáveis e combater à fome.
Abril é em homenagem e memória ao Massacre de Eldorado do Carajás, em que a Polícia Militar do Pará atacou uma manifestação de 1.500 famílias Sem Terra, assassinando 21 trabalhadores rurais e deixando outras 69 pessoas mutiladas, em 17/04/1996.