Tive a oportunidade de mergulhar num assunto bastante interessante na última edição do Dossiê Causa Operária. Após a morte do ex-papa Joseph Ratzinger, no final do ano passado, coletei diversas informações sobre a crise na Igreja Católica para o artigo “A morte do papa nazista e o cisma na Igreja”, do Dossiê nº 5 (segunda quinzena de janeiro).
“A lista de temas espinhosos para a Igreja é longa e abarca desde a comunhão para divorciados recasados até os abusos sexuais cometidos impunemente por padres. A tarefa de manter a instituição em equilíbrio, que recai sobre Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, acaba de se tornar ainda mais difícil com a morte do papa emérito Joseph Ratzinger, no último 31 de dezembro, aos 95 anos.”
Ratzinger representava a ala ”política” da Igreja, ”linha dura” por assim dizer, defensora de uma intervenção ativa da Igreja na sociedade. “Insistiu que a religião não deveria jamais ser relegada à esfera privada”, dizem alguns. Por isso tentou reintegrar ultraconservadores à hierarquia da Igreja e fracassou motivado por um medo de um profundo cisma.
Os liberais pró-Bergoglio já vinham pressionando e obtiveram vitórias importantes desde o mandato do papa anterior. “Alguns analistas até mesmo consideram que a maré conservadora que dominou a igreja por 25 anos está acabada. Francisco continua a promover cardeais ao colégio que irá escolher seu sucessor quando ele morrer ou renunciar” (The New York Times). O trunfo da ala liberal dentro da Igreja, que tenta preservar a instituição tornando mais flexíveis suas normas internas e afastando-se dos problemas políticos para os quais Ratzinger não conseguiu dar solução, é o próprio Bergoglio, seu representante maior, que já ocupa a posição mais alta na hierarquia. Um problema central para o papado é esse: a Igreja deve ou não assumir uma posição, isto é, deve ou não interferir e em que medida nos assuntos políticos? Um problema central para a imprensa revolucionária é mostrar, à luz dos fatos, que nada escapa à análise marxista da realidade e que tudo o que acontece na sociedade é política e, portanto, tema que deve interessar o trabalhador e o oprimidos na busca por uma via de ação e transformação da sociedade. Esse é um dos objetivos do Dossiê Causa Operária: expandir a análise marxista, tratar de mais temas e em maior profundidade dando, com uma base sólida no conhecimento da realidade, uma interpretação concreta, revolucionária, dos acontecimentos.
* As opiniões dos colunistas não refletem, necessariamente, a posição deste diário