Os últimos ataques que aconteceram em escolas de Santa Catarina e São Paulo abriram uma brecha gigantesca para que a direita, com apoio da esquerda pequeno-burguesa, implemente uma verdadeira ditadura policial nas instituições de ensino do país. Sem ao menos analisar realmente a situação e as questões que envolvem a violência nas escolas, a histeria toma de conta através da imprensa capitalista – levando inclusive setores ditos progressistas a uma verdadeira loucura, como a apoiar aumento de penas.
A Folha de S. Paulo noticiou neste sábado (15) que após os ataques, 102 projetos de segurança nas escolas foram protocolados em Assembleias Legislativas de todo Brasil. A maior parte dos projetos propõe a instalação de portas giratórias, detectores de metais, portarias exclusivas, construção de muros altos, revistas em mochilas, mais policiais, inclusive dentro das escolas e até mesmo reconhecimento facial para acesso às unidades de ensino.
Em Santa Catarina, o governador do estado, Jorginho Mello (PL), além dos agentes armados, anunciou a criação de um protocolo de segurança com ronda reforçada, treinamento de professores para reação em situações de violência, um centro integrado de operações policiais e a criação de um Comitê Permanente de Segurança nas escolas. O governador também anunciou que colocará uma pessoa armada em cada uma das 1053 escolas estaduais. A burguesia se aproveita claramente da situação para ampliar o estado de repressão contra a população nas cidades brasileiras.
Diante dos fatos, o regime político burguês vem implementando um regime de total vigilância sobre alunos, professores e funcionários das escolas. O aparato repressivo nas escolas servirá apenas para aumentar a pressão contra os alunos e professores, em especial dificultando sua organização na luta por seus direitos.
Outro ponto que está muito explorado pela direita sobre o tema dos ataques é a vigilância da população nas redes sociais.
Os absurdos não param, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e o serviço de segurança diplomática dos Estados Unidos se reuniram para ‘somar forças’ às apurações. Segundo o Grupo de Investigação de Crimes Cibernéticos (CyberGaeco) do MPSC, o Consulado Americano informou que vai viabilizar o contato dos investigadores com plataformas digitais sediadas nos Estados Unidos. A princípio, se trata de uma verdadeira violação aberta da soberania nacional e do direito de privacidade de todo cidadão brasileiro.
Em vez de se preocupar com as estruturas das escolas, a falta de professores, a quantidade absurda de alunos por sala de aula, falta de água, luz, alimentação etc. querem aumentar a repressão. É mais do que óbvio que as crianças e adolescentes estão cada vez mais doentes dentro de um sistema capitalista degenerado, carcomido e podre. As crianças precisam de qualidade nas escolas, aulas que sejam atrativas, professores qualificados, psicólogos, dentre outros profissionais da área e não polícia e órgãos repressores dentro das instituições.