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"A Tramoia"

Atacar a “ditadura da Nicaragua” é anti-trotskismo

Organizações da esquerda pequeno burguesa se sentem ultra revolucionárias publicando artigos identicos aquels da Folha de SP

Um dos maiores sinais de que um partido segue uma política pró-imperialista é a sua posição nas questões internacionais. Os pontos chave são os países atacados pelo imperialismo, Venezuela, Nicarágua, Rússia, Irã etc. A imprensa imperialista realiza uma gigantesca campanha de propaganda contra esses países o que afeta setores da esquerda pequeno-burguesa, é o caso do O Trabalho, corrente interna do PT, que em muitas questões opera quase como um PSTU. Sua posição sobre a Nicarágua é totalmente pró-imperialista como ficou claro no texto: “Nicaraguenses exilados se dirigem ao Foro de São Paulo”.

Eles republicaram uma carta aberta aos partidos e organizações do “Foro de São Paulo”. Supostamente os escritores são os revolucionários sandinistas que derrubaram a ditadura de Somoza que denunciam “o regime de terror na Nicarágua, que viola cotidianamente todas as liberdades civis, aniquila a democracia e a justiça e submete o povo a uma opressão pior do que a imposta pela ditadura anterior.” A discussão acaba já neste primeiro parágrafo. É pura propaganda imperialista. A “ditadura Ortega” seria pior do que a ditadura imposta pelos EUA no país, uma colocação no mínimo suspeita. 

A carta então apresenta sua tese contra Ortega: “Daniel Ortega e o que restou da Frente Sandinista se apresentam como de esquerda e anti- imperialistas, porém, longe desse discurso proclamado, há muitos anos já iniciaram um processo de abandono de seus princípios, por meio de corrupção, alianças com a pior direita do país, fortalecimento de um modelo neoliberal que aumenta as já enormes desigualdades e a miséria da população, concentração do poder político e econômico em sua família e colaboradores próximos.” É uma sequência de calúnias. 

De acordo com a carta o governo está alinhado com a pior direita do país, mas está é a mesma direita que quer derrubar o governo. A direita que se organiza em Miami. O modelo neoliberal também é uma farsa, a Nicarágua é o país menos neoliberal da América Central, justamente devido às políticas do governo sandinista. Não é revolucionário, mas não pode ser chamado de neoliberal. Há ainda a questão da concentração do poder, que também é uma farsa. A FSLN é um partido político popular. O governo, atacado pelo imperialismo, só pode se sustentar por meio de uma mobilização popular. Afinal a Nicarágua não tem a economia da China e nem a força militar da Rússia. Sua situação é muito mais semelhante à de Cuba. Sua fraqueza é justamente que a burguesia não foi expropriada.

A carta então alega que a tentativa de golpe, ocorrida em 2018, foi uma grande manifestação popular: “Em abril de 2018, depois que as forças de choque agrediram idosos que protestavam contra as reformas da previdência social, grupos de estudantes universitários tomaram as ruas e os campi universitários, sendo reprimidos com balas pela polícia, que em três dias matou 56 pessoas, crimes verificados por organizações de direitos humanos que chegaram ao país em maio, os primeiros desde que Daniel Ortega voltou ao poder em 2007.” O Trabalho não cita quais organizações “verificaram” os crimes. Mas são as mesmas que denunciam os crimes de Maduro, do Aiatolá do Irã, e ignoram os crimes de Israel, da Peru etc.

Como diz o texto logo adiante: “A narrativa do governo de que tudo não passou de um ‘golpe de Estado fracassado financiado pelo imperialismo norte-americano’ é rebatida com relatórios convincentes de organizações internacionais, que documentaram e denunciaram as inúmeras violações de direitos humanos e apontaram crimes de lesa a humanidade cometidos pelas autoridades nicaraguenses, relatórios recentemente ratificados pelo Grupo de Especialistas nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU.” A corrente do PT autoproclamada trotskista considera mais confiável a ONU do que o governo nacionalista da Nicarágua que é alvo de uma tentativa de intervenção imperialista atualmente.

A carta então segue denunciando a repressão feita pelo governo a organizações de oposição. É difícil averiguar o que é realidade ou não dado que as fontes não são nada confiáveis. Mas tomando todas as acusações como realidade. Ortega seria um ditador que prende ex sandinistas, padres, lideres da esquerda, estabeleceu um estado de sítio e assassinou algumas centenas de pessoas. Mesmo que isso tudo fosse verdade não seria motivo para atacar o governo. Não é necessário defender tudo como acertos políticos. Contudo, na luta do imperialismo contra um país atrasado é preciso defender esse país sem tergiversar, não importa seu caráter.

É o caso do Afeganistão. O Talibã é uma organização fundamentalista islâmica, é possível tecer centenas de críticas ao seu governo. Contudo, ele está em luta contra o imperialismo dos EUA. Nesse caso é preciso ignorar todas as críticas e apenas denunciar o ataque imperialista a país. Afeganistão e Nicarágua aliás são dois dos países mais pobres do planeta. Uma vitória do imperialismo significa um sofrimento gigantesco para suas populações. Até por essa consciência ambos os governos são populares apesar de quaisquer defeitos. 

O texto termina: “Por isso, pedimos aos partidos e organizações que compõem o Foro de São Paulo que denunciem e condenem o regime de terror na Nicarágua, que é incompatível com os princípios de uma esquerda que pretende ser uma alternativa às injustiças do mundo em que vivemos. Não se pode ser anti-imperialista aniquilando toda a sociedade civil e suprimindo todas as liberdades. Pedimos apenas que levantem sua voz em favor dos direitos humanos na Nicarágua e dos 70 prisioneiros políticos restantes, e que os governantes também o façam nos órgãos em que têm representantes, como as Nações Unidas, a OEA e a CELAC.”

Após as muitas “denuncias” ao governo Ortega nem sequer uma palavra sobre os ataques imperialistas ao país. Sobre as sanções econômicas, o financiamento da oposição para derrubar Ortega. A sabotagem a construção do Canal da Nicarágua. Nada. O Trabalho repete a propaganda que já foi vista na Folha de S. Paulo, funciona como a unha do dedo mindinho do pé esquerdo da imprensa burguesa. Essa é a tendência das organizações da esquerda pequeno burguesa, ficar totalmente a reboque da política da burguesia imperialista.

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