Identitarismo contra o povo

Assessora onguista sabota governo Lula ao atacar torcida do SPFC

O caso Decothé demonstra a necessidade do governo Lula se livrar dos identitários, que, mesmo em cargos menores, conseguem fazer estragos. Mantê-los é uma política suicida

Exonerada do Ministério da Igualdade Racial, a assessora especial de assuntos estratégicos da ministra Anielle Franco (PSOL), Marcelle Decothé da Silva, demonstrou como atua a ala identitária do governo Lula. Abusando do identitarismo ditado pelo imperialismo norte-americano, a então assessora fez um comentário, no mínimo, idiota contra a torcida do São Paulo Futebol Clube durante a última partida da Copa do Brasil, quando o Tricolor Paulista conquistou o título inédito contra o Flamengo.

Flamenguista, Decothé ofendeu a torcida do SPFC no Morumbi, onde acompanhava a ministra em um evento oficial de lançamento de uma ação contra o racismo. Chamou uma das maiores torcidas do Brasil — a terceira, de acordo com vários levantamentos — de “brancos”, “descendentes de europeus safados” e “pior de tudo, paulista” — claro, usando linguagem neutra para proferir suas ofensas tresloucadas.

Além do fato irônico de Decothé, uma mulata clara com cabelos lisos e esse sobrenome, com certeza, também ser “descendente de europeus safados” (como a maioria dos brasileiros, um povo miscigenado), há várias outras questões que podem ser levantadas pelo comentário da assessora identitária da Anielle Franco. 

Primeiro, por qual motivo uma autoridade do Estado ataca gratuitamente uma torcida inteira, de um dos clubes mais tradicionais do Brasil? 

Mostra, como já foi dito por esse Diário, o ódio dos identitários — e sua tropa histérica de classe média — contra o povo brasileiro, semeando um discurso para dividir o povo brasileiro entre brancos “descendentes de europeus safados” e negros descendentes puros de africanos. Uma avaliação totalmente errada do que é o povo brasileiro, que, como mostra o exemplo da própria ex-assessora, é um povo miscigenado. Com isso, o identitarismo, ideologia criada e impulsionada pelo imperialismo, principalmente o norte-americano, joga uma isca na esquerda, que deixa de lado a luta de classes para defender, assim como os nazistas, a luta entre raças — ou sexos, ou regiões do país (paulistas x não paulistas), etc.

Segundo, o comentário de Decothé é baseado em uma mentira. Se, no passado, a torcida do São Paulo realmente poderia ser associada à questão do “pó de arroz” e a uma elite paulista, a demografia da terceira maior torcida do Brasil mudou significativamente. Qualquer um que já foi ao Morumbi, ao lado da torcida do Tricolor, sabe que se trata de uma torcida bastante popular, composta por diversos setores da classe operária da Zona Sul de São Paulo. Isso porque a história de glórias do Tricolor Paulista nos últimos quarenta anos, quando o clube conquistou todos os principais títulos do futebol mundial, fez a sua torcida se popularizar e aumentar significativamente, chegando justamente à situação que se encontra hoje.

Terceiro, e pior: é um alerta ao governo Lula, que colocou no governo algumas figuras ligadas a ONGs, think-thanks e institutos ligados diretamente ao imperialismo — entre elas, Anielle Franco, mas também Silvio Almeida e Marina Silva. Esses setores buscam enquadrar o governo para impor a política do imperialismo contra a política nacionalista (mesmo limitada) do atual presidente brasileiro. Não é à toa que um dos atuais focos da campanha direitista contra o governo é justamente o problema de colocar uma ministra negra no Supremo Tribunal Federal. Também não é por acaso que são esses setores que tentam impedir a exploração do petróleo na Margem Equatorial, que seria um pilar central da política desenvolvimentista do governo.

“O objetivo de Decothé não foi sabotar o governo Lula”, dirá, talvez, algum passador de pano profissional na esquerda pequeno burguesa. Pode ser que não, mas indiretamente, a assessora de Anielle Franco deu munição contra governo. Primeiro, o comentário pode indispor a torcida do Tricolor Paulista (lembremos: a terceira maior do país) contra o governo Lula. Segundo, dá munição para que a extrema-direita ataque o governo, inclusive, capitalizando apoio popular denunciando a política alucinada do identitarismo, associando Lula a ela.

O caso Decothé demonstra a necessidade do governo Lula se livrar dos agentes do imperialismo de dentro do governo, que apenas servem para fortalecer a campanha da direita contra ele. Manter esses setores — que, mesmo em cargos menores, conseguem fazer estragos — é uma política suicida e ata as mãos do governo no sentido de uma política realmente popular.

 

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