A crise ucraniana atingiu e a extrema-direita europeia, revelando a cisão entre a base e as lideranças desses partidos; revela também a demagogia deste movimento quando se apresenta como antissistema. Todo o bloco imperialista europeu e norte-americano unificou-se para condenar a ação de defesa da Rússia. A extrema-direita europeia, que mantinha bos relações com o nacionalismo russo representado por Putin, unificaram-se com o bloco imperialista contra o nacionalismo russo.
Matteo Salvini, na Itália, que chegou a usar uma camiseta com o rosto de Putin durante viajem a Rússia, Marine Le Pen, na França e André Ventura, de Portugal, líder do Chega, partido de extrema-direita, modificaram sua política em relação à Rússia e passara a apoiar o bloco imperialista contra a ação defensiva.
No entanto, a rápida passagem dos líderes da extrema-direita para o bloco da burguesia imperialista não aconteceu sem repercussões no inteiro deste movimento. O caso mais chamativo é o de Portugal. O deputado André Ventura, presidente do Chega, atacou a ação militar russa com veemência. Segundo Ventura, é preciso condenar a ação russa “sem reservas, sem meias-palavras”. Afirmou ainda em intervenção parlamentar, criticando os setores de esquerda pró-Rússia:
“São incapazes de condenar esta bárbara invasão territorial da Rússia e continuam a dizer que devíamos abandonar a NATO e renunciar às armas nucleares”. “Seria muito bonito defendermo-nos com poemas, com palavras e com rosas na mão, mas não é assim que o regime de Vladimir Putin entende”.
A completa subserviência do presidente do partido de extrema-direita para com os ditames com o imperialismo mundial criou uma crise no interior do Partido, expressa na colocação de outras lideranças do mesmo. O vice-presidente do Chega, António Tânger Correia divulgou em suas redes sociais um texto que condenava o presidente ucraniano, Zelensky por suas “decisões irreflectidas, idiotas e perigosas” que levaram a Guerra.
Conselheiro Nacional número um do Chega, João Tilly, divulgou no canal no YouTube um vídeo intitulado “As Rações e as Razões para o fim da Guerra,” onde critica o presidente ucraniano por “prolongar a agonia de seu povo” e que este tem a “tem a obrigação moral e histórica de parar de lutar, para poupar o seu povo”.
O Partido, profundamente anti-imigração, não tem uma política oficial sobre a imigração ucraniana. A defesa de Ventura faz no parlamento e nas redes sociais da NATO causou o impacto nas bases pequeno-burguesas direitistas do partido, que se vê refletida nas declarações de outros líderes de extrema-direita do Chega. André Ventura e seu partido são os mesmos que se opõem a presença do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima cúpula bilateral Brasil-Portugal, que acontece entre 22 e 25 de abril. Ventura é favorável ao criminoso e vassalo do imperialismo, Zelensky e se opõem a Lula, que deve ser motivo de satisfação para Lula e para o país.
Uma coisa é certa, o episódio mostra que os líderes da extrema-direita e está como um todo, não é mais que associados menores do imperialismo mundial.