O Banco Central do Brasil, sob o controle mais intenso dos banqueiros e especuladores desde o golpe de 2016, e ainda, mais voraz na gestão Bolsonaro, assumiu uma linha de ação que envolve a maior transferência de recursos orçamentários da história do país em apenas uma administração governamental; que foi a de Jair Bolsonaro. Um montante de mais de seis trilhões de reais foram pagos para o pagamento da dívida pública federal de 2019, desde que Bolsonaro assumiu a presidência, segundo dados oficiais capturados pela Auditoria Cidadã da Dívida Pública (ACD).
Quando pesquisamos no site do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento, verificamos o tamanho da conta que o povo está pagando para remunerar os capitalistas donos dos títulos da dívida pública nacional e estrangeiro. Em 2019 foram pagos R$1,381 trilhão, 2020 1,037 trilhão, 2021 1,704 trilhão e 2022 um recorde de 1,879 trilhão. Somados esses valores chegamos à cifra colossal e absurda de 6,001 trilhões de reais entregues do orçamento estatal ou dos cofres públicos para as mãos de ávidos banqueiros e rentistas do país e bilionários do planeta afora.
Segundo trabalhos da mesma ACD, a cada 1% de aumento na taxa básica de juros, no montante que a dívida pública se encontra; de mais de 8 trilhões de reais, encerrada a contabilidade de 2022; o rombo maior em gastos com juros chega a 38 bilhões anuais. Segundo dados informados pelo próprio Banco Central encontrados neste link. O mesmo mercado que berra de maneira fervorosa quando se trata da elevação do salário mínimo de miséria, do aumento das pensões e aposentadorias ou mesmo de qualquer tipo de auxílio, ou benefício social emergencial ao povo.
As metas de inflação funcionam como uma contenção para a redução da taxa de juros, pois as metas servem para que o argumento inflacionário seja contido através do aumento ou da manutenção da taxa básica de juros nas alturas, o que inibe os investimentos produtivos e mantém o país amarrado em relação ao crescimento e desenvolvimento econômico. Segundo Na teoria econômica monetarista acredita-se que a inflação é gerada pelo aumento da demanda (consumo) ou mesmo da quantidade da moeda em circulação combinada com a sua velocidade de circulação. A “fórmula mágica” segundo essa corrente de pensamento ou teórica defendida pelos economistas neoliberais será sempre acima de tudo aumentar as taxas de juros como forma de inibir o consumo da população e barrar o aumento de preços. Com a queda do consumo, os preços dos bens e serviços tendem a parar de subir, já que as pessoas irão parar de consumir no mesmo nível anterior. O problema que no Brasil atual a economia está em frangalhos, a pobreza e o desemprego explodiram e certamente um aumento inflacionário não poderia ser contido com ainda mais juros. A explicação para o aumento da inflação reside na subida absurda dos combustíveis na gestão Bolsonaro, assim como das tarifas públicas de serviços como água e luz e referentes a impactos externos como a pandemia e a própria guerra na Ucrânia causada pelo imperialismo. Significa dizer que a manutenção de taxas de juros elevadas e no caso brasileiro as maiores do mundo são inócuas para conter a inflação e ainda causadoras de recessões econômicas em médio e longo prazo.
As metas de inflação são utilizadas em menos de meia dúzia de países no mundo e servem para exigir o cumprimento de índices que só poderão ser mantidos, segundo a teoria econômica dos porta-vozes dos banqueiros no Banco Central, com juros elevados e constantes. A saída para essa armadilha contra governos populares e a população deverá ocorrer através das seguintes medidas imediatas: a saída imediata do então presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, a revogação da Lei que trata da independência do Banco Central e não apenas a revisão do percentual das metas inflacionárias, mas um decreto que encerre definitivamente o cumprimento de quaisquer “metas inflacionárias” que ao final apenas servem aos interesses dos rentistas e do imperialismo. As metas a cumprir só poderão ser aquelas que condizem aos interesses do Estado brasileiro e do povo, sem tréguas aos capitalistas selvagens, depredadores da nação.