A França segue em chamas, com mais de 2000 manifestantes presos, desde o início das manifestações, em sua maioria jovens. As convulsões tiveram seu início com a execução do jovem de 17 anos, Nahel M., pela polícia francesa às 9 horas da manhã no dia 27 de junho.
O que há de novo?
Nesse momento a Europa ingressa numa crise que parece estar explodindo, tendo a França como foco. Com milhares de manifestantes detidos, com “Um terço dos detidos são jovens, às vezes muitos jovens”, como afirma Macron, o movimento deflagrado extrapola as fronteiras de Paris, e até mesmo da França.
Neste ponto, temos que nos perguntar o porquê desse desenvolvimento? Se as condições objetivas não se alteraram. O que está acontecendo na França é do arco da velha, apenas no ano de 2022 a polícia francesa assassinou 13 pessoas em operações de controle de trânsito, a mesma ocorrência do assassinato de Nahel.
Segundo a pesquisadora Camila Najma: “Não é a primeira vez que um jovem magrebino é morto pela polícia na França, mas ataques contra essa comunidade aumentaram mais de 50% desde 2020”. Esses povos oriundos de ex-colônias sofreram todo o jugo das capitais, não havendo novidade nessas relações.
Chama que se alastra
A repressão pesada, com milhares de prisões, resultou num cenário explosivo ultrapassando os limites nacionais. O movimento é de tamanha intensidade que já atingiu a Bélgica, a Suíça e vários outros países europeus que encontra-se numa situação crítica.
Embora exista uma campanha da imprensa burguesa, afirmando que as manifestações tiveram alguma diminuição no crescimento apenas com o relaxamento na repressão. O balanço da madrugada de sábado para domingo demonstra que a mobilização se mantém.
Mesmo com um contingente de 45 mil agentes de polícia, o resultado da noite do dia 1 para o dia 2 foi: 719 detenções e 45 agentes da polícia, 577 veículos e 74 edifícios incendiados. Foram registados 871 incêndios nas vias públicas, também danificaram 10 esquadras de polícia, 10 quartéis da gendarmeria e 6 esquadras municipais.
Imperialismo no sufoco
Com a Guerra da Ucrânia os países imperialistas europeus passaram por situações críticas no fornecimento de energia. As sanções contra os russos aumentaram os custos energéticos, ameaçando o abastecimento, todavia eles se seguraram.
Entretanto, a impressão é nítida, se a corda ainda não arrebentou, está prestes a parte, a mesma está fininha e vai arrebentar. É uma crise evidente no regime imperialista europeu, o mesmo agoniza.
Cadáver insepulcro
Se existe um ponto pacifico para a imprensa francesa, é a situação do governo Macron, é um consenso que o governo Macron está morto, segue deambulando moribundo. Se antes a situação do governo era difícil, agora está inviável.
Se o ascenso de Macron teve como base uma manobra que contou com a cooperação de parte da esquerda, agora nem com o apoio dessa pequena burguesia o governo Macron é capaz de se manter. Há uma crise de regime político, que evolui rapidamente.
Um farol da revolução
A classe operária francesa é conhecida por estar à frente nos acontecimentos do movimento operário mundial. Entretanto o que vemos na França hoje, não é uma particularidade sua, mas parte de um movimento mundial da classe operária.
Temos na França um sinal do que teremos no futuro, uma tendência de mobilização e luta da classe operária mundial.