No dia 5 deste mês, o Partido dos Trabalhadores (PT), após congresso do diretório paulistano da sigla, definiu que apoiará Guilherme Boulos, queridinho da Fundação Ford, nas eleições municipais de 2024. A decisão, fruto de uma imensa pressão por parte da burguesia e da direita do partido, representa uma grave capitulação do PT que, pela primeira vez na história, não lançará candidato na mais importante cidade do País. Um erro político que pode muito bem significar sua liquidação no estado de São Paulo.
Antes de mais nada, é preciso ficar claro que Boulos é uma figura que foi criado pelo aparato da própria burguesia. Ele surgiu como pretenso líder do movimento “Não Vai Ter Copa” e, como foi comprovado por este Diário, possui profundas ligações com o imperialismo por meio do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE). Sem contar no fato de que ele recebe um grande apoio da imprensa burguesa.
Só por isso, já fica claro que Boulos é um Boric brasileiro, é a principal liderança da esquerda preferida do imperialismo, uma figura artificial que não deveria ter nada a ver com o PT dentro e fora das eleições.
No evento que definiu sua candidatura, Boulos afirmou que o vice de sua chapa será, necessariamente, do PT. Todavia, dias depois, começaram a surgir rumores de que o vice não só poderia não ser petista, como poderia ser Tabata Amaral (PSB), outra figura que se diz de esquerda, mas que, na realidade, representa os interesses da burguesia.
Se isso de fato acontecer, algo que deve ser confirmado ou não no próximo período, o PT vai pagar mais caro ainda por seu apoio a Boulos. Afinal, sem um petista concorrendo aos principais cargos das eleições municipais, o PT teria que eleger vereadores que, consequentemente, ficarão em segundo plano. Cresce, portanto, a possibilidade de o PT perder vários de seus parlamentares e orquestrar um verdadeiro fiasco eleitoral.
Infelizmente, essa é uma política tradicional do PT. No Rio de Janeiro, por exemplo, foi exatamente isso que aconteceu. Para citar apenas as eleições mais recentes, em 2012, o PT não lançou candidato para apoiar o direitista Eduardo Paes; em 2016, apoiaram a candidatura de Jandira Feghali (PCdoB), outra figura que de esquerdista só tem o nome do partido; e, em 2020, lançaram Benedita da Silva, sistematicamente sabotaram sua candidatura para, no segundo turno, voltar para os braços de Paes, que foi eleito.
Ou seja, o PT, que já foi uma força política poderosa no Rio de Janeiro, tornou-se um apêndice da direita “cheirosa”. Uma política direitista que resultou em uma desmoralização geral do partido no estado frente às suas bases, que se afastaram muito do PT.
Ao que tudo indica, é para essa direção que o PT caminha em São Paulo. Ao apoiar Boulos, o PT se coloca, mais uma vez, em uma posição inferior a uma força política reacionária. Algo que fará o partido diminuir cada vez mais de tamanho, dando força não só para a esquerda filo-imperialista paulista, mas também para a direita.