Uma chuva que atingiu a capital paulista na sexta-feira (3) passada deixou dezenas de milhares de residências sem energia elétrica por mais de seis dias. Em primeiro momento, a companhia de energia de São Paulo (Enel) informou que 2,1 milhões de casas e estabelecimentos estavam sem eletricidade. Ainda na segunda-feira (6), a luz não tinha voltado em mais de 500 mil casas.
Na terça-feira (7) – 5 dias após a chuva -, 200 mil residências, incluindo estabelecimentos comerciais, continuavam sem energia elétrica. Considerando que em cada casa vivem três pessoas em média, são pelo menos 600 mil habitantes afetados pelo problema. Manifestações aconteceram na Avenida Giovanni Gronchi, no Jardim Colombo, na zona sul da capital. Moradores atearam fogo em objetos, bloqueando a pista nos dois sentidos. O segundo protesto foi feito na altura do km 32 da Raposo Tavares, sentido oeste, em Cotia.
De acordo com trabalhadores do setor elétrico, essa falta de energia é causada pela forma como empresas do segmento operam atualmente. Privatizadas a partir da década de 90, elas visam lucro prestando um serviço público. Trabalham com quadro reduzido de funcionários e, em ocorrências que fogem à rotina, já não têm equipes para responder na velocidade necessária. E isso tudo ocorre em meio a uma fiscalização federal frouxa.
Além da falta de manutenção, a população brasileira se torna literalmente refém de empresas estrangeiras. Os apagões começam a ficar cada vez mais constantes e o preço da tarifa tende a aumentar significativamente de acordo com os interesses daqueles que passam a ser donos da empresa. É importante lembrar que toda essa estrutura, construída através do dinheiro e do suor do povo, é entregue a preço de banana para os capitalistas.
A Enel, por exemplo, administra hoje o que um dia foi a Eletropaulo. A Eletropaulo era uma empresa estatal paulista, criada em 1981, durante a gestão de Paulo Maluf, para gerar e distribuir energia no estado. No final da década de 90, o então governador Mario Covas dividiu a Eletropaulo e a privatizou. Com a compra das ações da Eletropaulo que pertenciam ao governo, em 2018, a Enel assumiu o controle da empresa.
No ano passado, o governo fruto de um golpe de Estado e da maior farsa jurídica que o país já viu, que foi a Lava Jato, privatizou a maior empresa de energia elétrica da América Latina, a brasileira Eletrobrás. Entregar o sistema elétrico, seja de um estado, seja de um país, é um verdadeiro crime lesa-pátria, e o caso dos apagões em São Paulo mostra isso.
Sendo assim, esse absurdo que aconteceu na maior cidade do Brasil, que também é a cidade mais rica de toda a América Latina, pode acontecer também a nível nacional, pois assim como a Eletropaulo, a Eletrobrás foi vendida e, uma vez nas mãos de especuladores e acionistas privados, o objetivo seria apenas a lucro e nada de manutenção ou desenvolvimento da empresa.
Por isso, o presidente Lula deve imediatamente reestatizar a Eletrobrás e começar uma ampla campanha para que outras empresas de energia elétrica no Brasil voltem para as mãos do Estado e de preferência sob o controle do povo.