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Análise Internacional

Aonde vai a África?

Programa semanal teve como tema central o golpe militar no Níger

Golpes de Estado na África são quase tão comuns quanto eleições. Pelo menos é essa a avaliação do presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, e do analista militar Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra. Ambos estiveram presentes em mais uma edição do programa Análise Internacional, transmitido na tarde de ontem (31) no canal do Diário Causa Operária.

O assunto da vez foram as recentes movimentações no cenário político africano. Na última semana, as Forças Armadas do Níger deram um golpe de Estado, derrubando o presidente do país. A junta militar é abertamente contrária ao imperialismo francês, que trata o país como uma semicolônia.

“Essas mudanças estão acontecendo em uma região muito estratégica”, iniciou o Comandante Robinson, referindo-se também aos golpes ocorridos em Burkina Faso e no Mali, situados na região conhecida como Sahel, que também abriga a Mauritânia e o Chade. Segundo o Comandante, o Sahel é rico em minérios de extrema importância para o continente europeu. O Níger tem uma grande reserva de urânio, considerada vital para a França, e “não apenas para as usinas nucleares”, segundo Farinazzo.

O Comandante seguiu sua análise discutindo a atuação da imprensa imperialista. “Toda vez que tem esse tipo de movimento, você tem de olhar quem está ‘chiando’. Vejam a diferença de tratamento do golpe no Níger para o golpe no Peru”. O país sul-americano citado pelo analista militar sofreu um golpe em 2022, quando o então presidente Pedro Castillo foi deposto. Desde então, centenas de manifestantes já perderam a vida lutando contra a ditadura de sua vice, Dina Boluarte.

O golpe no Níger, para Robinson, seria o exato oposto de golpes como o que ocorreu no Peru: uma movimentação de setores nacionalistas que decidiram enfrentar o imperialismo, e não uma iniciativa de setores ligados ao imperialismo contra governos nacionalistas. Segundo o Comandante, esse tipo de golpe, em que o imperialismo é colocado contra a parede, estaria colocado em uma esteira de várias movimentações importantes: “não foi o primeiro, nem vai ser o último. Outros países vão continuar se levantando contra a dominação francesa e contra a dominação euroamericana”.

Em sua primeira fala ao programa, Rui Pimenta concordou com a avaliação de que o golpe no Níger é uma insurreição contra o domínio francês. “Não sei se houve uma intervenção direta de Moscou, mas ela estimula uma verdadeira rebelião de todos os países africanos”. Neste momento, a Rússia, citada por Pimenta, é um dos principais países que tem liderado a onda de rebeliões contra a ordem mundial estabelecida pelas potências imperialistas.

“Em um país atrasado, os militares tanto podem ser agentes do imperialismo quanto representarem setores nacionalistas. O que está acontecendo são golpes contra o imperialismo, sem dúvida nenhuma”. Quanto a que lado ficar, Rui Pimenta não titubeou: “temos que apoiar esses golpes. Temos que apoiar todos os golpes contra o imperialismo”.

O PCO, bem como o seu presidente, têm se destacado pela posição intransigente na defesa dos países atrasados e de seus movimentos nacionalistas contra os países imperialistas. A defesa do PCO da insurreição talibã em 2021, por exemplo, teve repercussão nacional.

No caso do Níger, as consequências são, para ambos os analistas, imprevisíveis. “Podemos estar vendo um fenômeno que pode ser uma segunda etapa da descolonização africana”, destacou Rui Pimenta. O dirigente marxista ainda comentou que, além dos países do Sahel, há outros envolvidos diretamente em grandes conflitos na África. O Egito, um dos países mais importantes de todo o continente, está ameaçando romper com os Estados Unidos e se aproximar dos russos. A África do Sul, por sua vez, está cada vez mais integrada aos BRICS. Por outro lado, governos que ainda estão sob uma rígida tutela do imperialismo ameaçaram invadir o Níger, o que pode acelerar toda a crise.

O presidente do PCO ainda explicou a importância de um país ser uma potência militar, mesmo que ele seja atrasado em seu desenvolvimento econômico. Isso “permite aos russos atuar no estrangeiro contra o imperialismo. O Grupo Wagner está naquela região. Isso deve estar criando uma efervescência política muito grande”.

Perguntado pelos entrevistadores, por fim, o Comandante Robinson declarou que acha pouco provável uma intervenção militar direta da França no Níger. “A bola da vez está com a Nigéria”, disse. Para o analista militar, a estratégia menos arriscada do imperialismo europeu seria mobilizar o exército do país localizado ao sul do Níger. “A elite nigeriana manda seus filhos para morar em escolas europeias. No que depender da elite, pode sair uma invasão, mas as Forças Armadas são outra coisa, seria preciso analisar com cuidado”.

Para assistir na íntegra e não ficar de fora de nenhum detalhe do programa Análise Internacional, assista diretamente no canal do Diário Causa Operária:

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