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HISTÓRIA DA PALESTINA

Ao menos 70 palestinos mortos, dentre bebês, mulheres e idosos

O comandante do Palmach deu um tapa em seu rosto e ordenou, como punição, que ele escolhesse trinta e sete adolescentes aleatoriamente [...] foram executados com as mãos amarradas"

Nos anos de 1947 e 1948, durante a Nakba (termo árabe para catástrofe), processo de limpeza étnica desatado pelos sionistas que levou à expulsão de quase 1 milhão de árabes da Palestina, umas das táticas de terror utilizadas pelo sionismo era realizar massacres em aldeias próximas a centros urbanos, com a finalidade de aterrorizar os palestinos das cidades, fazendo-os fugir antes mesmo de qualquer ataque sobre elas. Tais fugas prévias seriam posteriormente utilizadas pela propaganda sionista para alegar que os palestinos saíram voluntariamente de suas terras.

Um dos casos mais conhecidos desses ataques foi o realizado contra o vilarejo de Ein al-Zeitun, perto da cidade de Safad. A razão para isto é que a história do massacre serviu de base para o único romance épico palestino sobre a Nakba que já fora escrito: “Bah al-Shams”, do autor Elias Khoury. Esse romance acabou por inspirar um filme de produção egípcia-francesa, de mesmo nome, produção esta que, segundo o historiador judeu israelense Ilan Pappe, retrata de forma fidedigna as descrições da aldeia de Ein al-Zeitun, feita por Ben-Yehuda em seu livro “Entre os nós”, também sobre o ocorrido, livro este baseado em arquivos militares israelenses e em testemunhos daqueles que participaram no massacre. Ela foi uma comandante veterana da Palmach.

O massacre ocorreu no dia 1º de maio de 1948, tendo sido pelo realizado pelo Palmach, tropa de elite da Haganá, uma milícia fascista do sionismo. Conforme já dito, os sionistas adotaram a tática de realizar ataques em determinadas localidades visando a aterrorizar os palestinos dos arredores a fugirem. O método da Haganá era chegar nas aldeias e escolher (às vezes arbitrariamente, às vezes não) “homens entre as idades de 10 e 50 anos” e executá-los sumariamente.

Como parte do Plano Dalet, e da Operação Vassoura (para varrer os palestinos do mapa), o comandante do massacre foi Moshe Kalman, quem já tinha participado e comandando vários massacres anteriores, como membro da Haganá e do Palmach.

Seguindo o método operacional dos ataques anteriores, este iniciou-se com um bombardeio do vilarejo, para abrir caminho para uma invasão terrestre. Os bombardeios foram suficientes para ocasionar a fuga dos poucos voluntários sírios que estavam a postos para defender Ein al-Zeitun. Afinal, a diferença de forças, tanto em relação ao número de homens, quanto à tecnologia militar, era totalmente desproporcional em favor dos sionistas. Os voluntários sabiam que seriam massacrados.

Ein al-Zeitun foi tomado ao meio dia, e seus habitantes, neles inclusos mulheres, crianças, idosos e alguns homens jovens que não haviam fugido saíram de suas casas levantando bandeiras brancas, demonstrando seu inequívoco rendimento. Contudo, diante de fascistas, render-se não garante a salvação. E o sionismo é um tipo de fascismo, de forma que a Haganá desatou o massacre da mesma forma, o qual é descrito em detalhes por Illan Pappe, em seu livro “A Limpeza Étnica da Palestina”:

“Eles foram imediatamente reunidos no centro da vila. Primeiro, trouxeram um informante com capuz que examinou os homens alinhados na praça da aldeia; aqueles cujos nomes constavam em uma lista pré-preparada trazida pelos oficiais de inteligência foram identificados. Os homens selecionados foram levados para outro local e executados a tiros. Quando outros homens se rebelaram ou protestaram, eles também foram mortos”.

Então, Pappe refere-se ao filme já citado, Bah al-Shams, dizendo que nele fora retratada com bastante fidedignidade um dos ocorridos no massacre, que demonstra o típico tratamento brutal dado pelos fascistas sionistas aos palestinos, ocasião em que um aldeão foi forçado a escolher mais de três dezenas de seus conterrâneos que seriam assassinados pelas tropas do Palmach:

“Em um incidente, que o filme capturou muito bem, um dos aldeões, Yusuf Ahmad Hajjar, disse aos seus captores que ele, assim como os outros, havia se rendido e, portanto, ‘esperava ser tratado humanamente’. O comandante do Palmach deu um tapa em seu rosto e ordenou, como punição, que ele escolhesse trinta e sete adolescentes aleatoriamente. Enquanto o restante dos aldeões era forçado a entrar na sala de armazenamento da mesquita da aldeia, os adolescentes foram executados com as mãos amarradas às costas”.

Mas não é só. Os sionistas, que buscavam formar um Estado supremacista judeu na Palestina, também se utilizavam de táticas indiretas para expulsar os palestinos de suas terras. Conforme relato de Hans Lebrecht, político judeu israelense que chegou a lutar contra os nazistas, mas que contraditoriamente serviu às forças armadas israelenses em 1948, fora ordenado a desviar os suprimentos de água que abasteciam o vilarejo de Ein Al-Zeytun para seu batalhão. Igualmente informou que contribuiu para esconder o massacre, queimando os corpos dos palestinos mortos no vilarejo. Segundo ele, foram encontrados inúmeros corpos sob os destroços das casas que haviam sido alvo de bombardeio. Perto da mesquita local, foram encontrados inúmeros bebês, crianças e mulheres mortos.

Este massacre, assim como inúmeros outros que ocorreram em 1948, é corroborado pelos arquivos militares israelenses, em especial os da Haganá, segundo os quais indicam mais de 70 mortos. Sabendo da tendência do sionismo á falsificação da realidade, é seguro dizer que estes números são maiores, afinal a história do massacre também é contada por aqueles que sobreviveram, as quais foram as principais fontes para o romance de Elias Khoury.

Ao fim, é certo que em Ei Al-Zeytun, o Palmach assassinou pelo menos 70 palestinos, dentre bebês, mulheres, crianças, idosos e homens jovens. É seguro afirmar que número é subestimado, afinal provém dos arquivos militares sionistas. De qualquer forma, é mais um episódio que serve para confirmar que o sionismo é uma forma de fascismo. Nesse sentido, conforme diz Ilan Pappe:

“O massacre, como sabemos de muitos outros assassinatos em massa, ocorreu não apenas como ‘punição’ por ‘impertinência’, mas também porque a Hagana ainda não tinha campos de prisioneiros de guerra para os grandes números de moradores capturados. No entanto, mesmo após a criação desses campos, ocorreram massacres quando grandes grupos de moradores foram capturados, como em Tantura e Dawaymeh após 15 de maio de 1948”.

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