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II Conferência Sindical

Antônio Carlos: “levantar a palavra de ordem de Fora Tarcísio”

Confira na íntegra entrevista com Antônio Carlos sobre as recentes greves em São Paulo e a segunda edição da Conferência Sindical Nacional do Partido da Causa Operária

O movimento operário está agitado. Nas últimas semanas, greves importantes ocorreram em todo o País, com destaque para a greve de estudantes da USP e dos trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp. Além disso, está chegando a II Conferência Sindical Nacional do Partido da Causa Operária (PCO), evento que promete impulsionar a mobilização dos trabalhadores em prol de suas reivindicações.

Para mais informações sobre a Conferência, confira o artigo abaixo:

Participe da II Conferência Sindical Nacional do PCO

Com isso, o Diário Causa Operária (DCO) entrevistou Antônio Carlos, membro da Direção Nacional do PCO e coordenador nacional da Corrente Sindical Nacional Causa Operária (CSNCO). Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.

Diário Causa Operária: Qual a caracterização que fazem dessas duas greves?

Antônio Carlos: Tanto a paralisação da USP, quanto a greve unificada do Metrô, CPTM e Sabesp contra as privatizações estão indicando, junto com outras mobilizações, uma tendência importante ao desenvolvimento das lutas no próximo período como uma resistência à ofensiva que a burguesia vem intensificando e que tende a se agravar com o aprofundamento da crise capitalista em nosso país e no mundo todo.

Embora essas lutas sejam ainda lutas que expressam de maneira inicial essa tendência, elas são importantes no sentido de mobilizar setores da juventude e setores dos trabalhadores de empresas públicas contra o governo que leva adiante uma política de destruição da educação, dos serviços públicos, de privatizações, e também no sentido de superar a paralisia dos sindicatos, das organizações da juventude, dos movimentos de luta dos trabalhadores e explorados.

De uma maneira geral, apontam uma perspectiva que tende a se desenvolver no próximo período, inclusive de deixar para trás a perspectiva conservadora da esquerda, em muitos aspectos reacionária, de deixar de lado essas reivindicações e se dedicar a questões identitárias, questões que, ao invés de unificar os trabalhadores, de unificar os explorados, atuam no sentido oposto, da divisão desses setores por questões de gênero, de raça, quando a questão fundamental na etapa atual e em todo período é a luta de classes, é a luta organizada dos explorados contra a burguesia e os seus governos na perspectiva de impor as reivindicações populares e lutar contra a cassação dos direitos democráticos, dos direitos dos trabalhadores e dos explorados de maneira geral.

Diário Causa Operária: Qual a opinião da corrente sobre as multas impostas pelos tribunais?

Antônio Carlos: As multas que vêm sendo impostas e que ameaçam, nesse momento, as greves dos trabalhadores de São Paulo, são a expressão da ditadura do Judiciário, contra os direitos democráticos do povo e contra os direitos dos trabalhadores, inclusive contra o direito fundamental que é a liberdade de expressão, o que acaba se manifestando, como estamos vendo, na cassação do direito de manifestação, do direito de greve, de organização sindical.

É preciso enfrentar essa política e se opor também esse aspecto da política reacionária de setores da esquerda que vêm defendendo o reforçamento do poder Judiciário e a presença do deste como um árbitro na situação política.

Diário Causa Operária: O que vocês pensam sobre as reivindicações que estão sendo levantadas pelas greves?

Antônio Carlos: As reivindicações levantadas pelos trabalhadores das estatais paulistas são importantes, inclusive sofrem “acusação” do governo Tarcísio de serem “políticas”, algo que têm que ser mesmo. Porque a luta contra a política de privatização e destruição dos serviços públicos por parte não só do governo de São Paulo, mas de toda a burguesia golpista, é uma questão fundamenta para os trabalhadores.

Obviamente que é preciso somar essas reivindicações às questões dos direitos dos trabalhadores: a reposição das perdas salariais, a contratação de milhares de trabalhadores e a melhoria desses serviços públicos. Em alguns casos, algumas dessas reivindicações já vêm sendo levantadas pelos grevistas.

No caso da USP, além da importante reivindicação de contratação de professores, é preciso unificar em torno da política de que haja mais verbas não só para a universidade, mas para a educação pública no geral. No próximo dia 20, inclusive, a APEOESP, junto com outros setores, está convocando uma mobilização contra a política do governo Tarcísio, que quer reduzir as verbas para a educação básica no estado de São Paulo de 30 para 25%.

Quer dizer, é necessária uma unificação, além de levantar na universidade, como vem fazendo a Aliança da Juventude Revolucionária [AJR], a defesa de reivindicações que interessem de conjunto os estudantes, como o fim do vestibular, por um governo tripartite nas escolas e universidades, e outras reivindicações levantadas pelo coletivo.

Diário Causa Operária: Há uma tendência de esse movimento se espalhar pelo país?

Antônio Carlos: Essas greves não são a primeira expressão dessa tendência de lutas. Ela vem se desenvolvendo, se expressou politicamente na vitória da candidatura de Lula nas eleições, nas lutas que vêm sendo travadas pelos sem teto e sem terra, de maneira geral, atingindo principalmente setores mais dispersos, menos centralizados pela política da esquerda e da burocracia sindical.

Nesse ano, houve centenas de greves de professores e trabalhadores da educação diante do piso. Houve manifestações, mobilizações e greves dos trabalhadores do setor de enfermagem, dentre outras muitas mobilizações.

[O movimento] vem crescendo, tem muitos números que indicam essa situação. O que falta é uma perspectiva de conjunto, de unificação dessas lutas, uma iniciativa por parte da CUT e dos sindicatos de quebrar a paralisia e mobilizar amplamente os trabalhadores, de sair da posição de expectativa diante do governo, de espera pelas iniciativas do governo, e passar ao terreno da mobilização efetiva em torno de campanhas centrais dos trabalhadores, como é o caso da luta contra as privatizações, como é o caso da luta pela reposição das perdas salariais, pela redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, dentre outras.

Diário Causa Operária: O Fora Tarcísio é um problema puramente eleitoral ou pode dar lugar a um movimento político mais amplo?

Antônio Carlos: Nós entendemos que, além das reivindicações que vêm sendo levantadas pelos trabalhadores, como a luta contra as privatizações, contra o corte de verbas da educação, seria fundamental, nesse momento, levantar a palavra de ordem de “Fora Tarcísio” para unificar os trabalhadores, não só os servidores públicos, mas o conjunto da classe trabalhadora de São Paulo, assim como a juventude, como eixo político contra um governo que é, pela sua política, a continuidade dos governos tucanos anteriores.

Nesse sentido, o que nós temos é uma manobra: o PSDB foi derrotado, mas a burguesia conseguiu, através do bolsonarismo, colocar em seu lugar um governo que segue a mesma linha política em todos os aspectos fundamentais, na questão das privatizações, do ataque aos serviços públicos, da repressão aos  trabalhadores, como vimos no caso do Guarujá.

Então o Fora Tarcísio pode dar lugar a um movimento mais amplo e não deve ter um caráter meramente eleitoral como muitas vezes aparece na reduzida propaganda política da esquerda. Mas ser, efetivamente, um eixo político de mobilização ampla de todos os setores explorados do estado.

Diário Causa Operária: Quais serão as principais discussões feitas na Conferência Sindical Nacional do Partido da Causa Operária?

Antônio Carlos: Diante dessas tarefas importantes que a Conferência tem pela frente, vamos debater detalhadamente a conjuntura internacional e nacional. Vamos nos deter, também, a dar importância à discussão sobre a situação do movimento operário, a crise dos sindicatos e uma perspectiva de superação dessa crise tanto do ponto de vista político, quanto do ponto de vista organizativo.

Há dados que mostram um enfraquecimento muito visível dos sindicatos, como a queda da sindicalização, que chegou pela primeira vez na história do País a menos de 9% de trabalhadores sindicalizados. Além do fato de que milhares de sindicatos estão falindo.

É preciso ter uma perspectiva para reforçar as estruturas sindicais, ter uma política de frente única no interior dessas mobilizações para impulsionar uma perspectiva de luta, de enfrentamento com a burguesia golpista, com a política do imperialismo, algo que tende a se agravar no próximo período, tende a se tornar ainda mais necessário.

Então a conferência vai procurar discutir essas questões importantes, assim como a própria organização da Corrente Sindical Nacional Causa Operária [CSNCO], das suas frentes sindicais – metalúrgicos em luta, bancários em luta, educadores em lutas, servidores e tantas outras categorias – para abrir caminho para uma perspectiva de organização  independente e de mobilização no interior do movimento operário.

Diário Causa Operária: Por fim, quem pode participar da conferência?

Antônio Carlos: A conferência está destinada não só aos companheiros dirigentes e militantes sindicais do Partido da Causa Operária e da Corrente Sindical Nacional Causa Operária, mas a todos os companheiros que já atuam conosco nessas frentes sindicais, companheiros de outros setores da esquerda, do PT, de setores independentes, de outros partidos que ou tem uma proximidade com o trabalho político que a gente vem desenvolvendo, ou tem o interesse de conhecer, de se aproximar desse nosso trabalho, ter uma política comum no interior da CUT, do movimento sindical, nos locais de trabalho etc. para reforçar essa perspectiva independente, combativa, revolucionária, apresentar um programa de mobilização pelas reivindicações dos trabalhadores.

Então é aberta a todos os interessados que comunguem dessa perspectiva, que queiram debater uma alternativa classista e independente para o próximo período. Para participar, acesse https://forms.gle/P5ZgTTNc5fpZrC1z5 e se inscreva ou entre em contato pelos telefones: (14) 997280289, (61) 982007386, (81) 988754242, (11) 983440068.

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