Recentemente, 27 deputados bolsonaristas da Câmara Federal assinaram uma queixa-crime pedindo a prisão de um dirigente do PCO, João Caproni Pimenta, por este haver pedido aplausos para os militantes do HAMAS, da Jiade Islâmica e toda a resistência organizada da Palestina.
A atitude dos deputados corrobora a tese que este Diário sempre advogou, que é a de que esses bolsonaristas, assim como o próprio Jari Bolsonaro, nunca foram verdadeiramente defensores, dentre outras coisas, da liberdade de expressão, mas apenas defensores de si próprios, que defendem de forma circunstancial a liberdade de expressão quando se veem eles mesmos ameaçados pela censura e que em verdade são amantes da censura e da mão pesada do Estado.
Um desses deputados a assinar o pedido de prisão foi André Fernandes, deputado federal pelo PL do Ceará. André Fernandes, que possui um longo histórico de acusações por “abuso” da liberdade de expressão, e que ficou famoso fazendo vídeos sobre política e humor para os apoiadores de Bolsonaro na internet, se coloca agora ele próprio como um militante da censura. Eleito deputado estadual pelo Ceará em 2018, Fernandes acumulou durante o seu mandato na Assembleia Legislativa do Ceará inúmeras representações contra si por calúnia e difamação, propagação de notícias falsas e injúria. O deputado chegou a ter o seu mandato suspenso por 30 dias em 2020 por quebra de decoro parlamentar além de haver sido também obrigado a indenizar em 8 mil reais um deputado do PDT por “propagação de notícias falsas”. Já como deputado federal , recentemente André Fernandes chorou na tribuna da câmara ao falar da denúncia feita pela Polícia Federal e a Procuradoria Geral da União contra ele pela acusação de haver instigado, por meio das redes sociais, o ato dos bolsonaristas em Brasília no dia 8 de janeiro.
“Eu vejo a situação em que o Brasil está e dói, dói, se a gente vê parlamentar sendo perseguido, imagina quem não tem mandato. Eu tenho certeza que todos os deputados que aqui estão, têm vontade de fazer muito mais. Mas a gente tem as nossas reuniões internas e a gente escuta ‘calma, não vai com força, não. Se tu for, vão cortar tua cabeça”, disse o deputado, que continuou: “E a gente tem que tá se cuidando para não ser preso. Um deputado federal. Dói, senhor presidente, essa sensação de impotência. Não existe respeito, não existe liberdade”.