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Desastre no RS é a direita

“Ambientalismo” para livrar a cara da burguesia

A ideia de que o problema do planeta são as mudanças climáticas, evitando denunciar a negligência dos governos, serve para isentar a direita de responsabilidade

Todo o País acompanha com revolta a situação dos cidadãos do estado do Rio Grande do Sul diante das chuvas e enchentes que afligem a região. Uma tragédia como essa, com mais de 40 pessoas mortas, é o momento em que a esquerda deve assumir uma posição combativa e defender os interesses da população diante dos governos direitistas que permite que seu povo morra e viva à mercê da natureza. No entanto, um setor da esquerda pequeno-burguesa resolveu aderir ao discurso do imperialismo e “livra a cara” da burguesia.

A corrente Movimento Esquerda Socialista (MES), do PSOL, publicou uma matéria em seu sítio Revista Movimento com o título “Crise ambiental: é preciso um freio de emergência contra a catástrofe em curso”. Na matéria, o autor procura traçar um cenário apocalíptico, especificando acontecimentos climáticos ao redor do planeta.

Uma das análises colocadas é a de que o culpado pelo problema seriam coisas como o “racismo ambiental”, segundo o autor: “(…) no Brasil o racismo ambiental afeta profundamente populações historicamente excluídas que são obrigadas a ocupar zonas alagáveis, encostas de morros e terrenos com risco similar devido à permanente especulação imobiliária”. Para ele, a instabilidade na vida das pessoas pobres do planeta se dá devido a esse fator identitário e até místico, cuja origem é inexplicável.

Esse argumento serve apenas para desviar a atenção da causa do problema. Se o mundo todo está supostamente passando por uma série de eventos climáticos que colocam em perigo as vidas de toda a população, é responsabilidade dos governos fornecerem meios para a população se proteger desses eventos naturais. A culpa não é de um “racismo” abstrato, ou seja, a culpa não é de uma ideologia. O problema é muito concreto: a população pobre não tem direito à moradia e o povo de modo geral sofre com o descaso total em relação a investimentos em infraestrutura. Essa ausência de investimento é parte da política neoliberal, predatória, que corta gastos para dar aos especuladores.

É um absurdo falar das enchentes no Rio Grande do Sul e não denunciar o governo de Eduardo Leite, do PSDB, responsável por arrochar a economia do Estado através do Regime de Recuperação Fiscal política introduzida por José Ivo Sartori (MDB), seu antecessor, e por ele continuada. A medida visa atacar as despesas que interessam à população para garantir a rolagem da dívida do estado com os banqueiros, sob a desculpa de “oferecer serviços públicos de melhor qualidade”, deixando o Estado sem condições financeiras de arcar com as dificuldades impostas pela situação.

Falar em “racismo ambiental” é uma forma de transferir a culpa da burguesia e do governo burguês para um problema racial, uma acusação moral, que tende a recair sobre todas as pessoas (e, ao mesmo tempo, não recai sobre ninguém). Não à toa é um conceito identitário gestado nas universidades norte-americanas, já que o imperialismo é o principal interessado em disfarçar sua política de destruição econômica e social.

Todo o discurso a respeito das mudanças climáticas também tem o viés moral e identitário. Para o MES, o importante não é o enfrentamento com a direita que promove a corrosão do Estado nacional e a entrega do patrimônio do povo para o imperialismo. Para o MES, não se trata de exigir do governo tucano do Rio Grande do Sul ou de outros Estados, melhores condições para a população. O texto afirma: “As recentes reuniões internacionais realizadas para pautar o tema ambiental, como a Cúpula da Amazônia, também mostram que esse tema é central nos rumos políticos dos governos. Enquanto a extrema-direita busca destruir por completo as conquistas democráticas do ambientalismo nos últimos anos, derivadas principalmente do próprio reconhecimento do caráter de emergência ambiental que vivemos (…)”. Ou seja, o MES considera que os governos ao redor do planeta estão no caminho certo, colocando a questão do ambientalismo como tema central de seus debates. O problema seria, no entanto, a extrema-direita, que estaria agindo para destruir as conquistas dos bravos guerreiros ambientalistas.

No entanto, é evidente que esse discurso tem como função fazer uma propaganda para os governos burgueses e, particularmente, para os dos países imperialistas, que são os que mais fazem demagogia com o tema do ambientalismo. Esses governos, que jogam a população do planeta na miséria e se utilizam do discurso verde para ameaçar e chantagear os governos dos países atrasados são colocados em grande conta pelo MES. Trata-se de uma gigantesca farsa.

A burguesia imperialista não está minimamente preocupada com o meio ambiente e nem com as condições da população. O objetivo desta classe social e dos governos por ela controlados é aumentar os lucros já escandalosos dos banqueiros e dos financistas. Em todos os lugares, a política é de tomar o dinheiro do Estado e entregar nas mãos dos banqueiros, o que acaba por gerar situações como as do Rio Grande do Sul, onde a máquina pública não tem capacidade de enfrentar as intempéries da natureza.

O imperialismo e a burguesia são, na verdade, os responsáveis pela situação precária da população, que é obrigada a viver em locais de alto risco. Não é a extrema-direita que governa o Rio Grande do Sul, é o PSDB, a direita “civilizada”. Nesse sentido, a colocação do MES é um grande desserviço para a luta popular.

A postura correta é denunciar os governos que vêm permitindo que suas populações se coloquem em situações de risco e exigir deles melhores condições para todo o povo. A sociedade atual, com o desenvolvimento tecnológico que já existe, é plenamente capaz de não perecer diante de chuvas, por mais fortes que elas sejam. No entanto, o governo da burguesia não tem interesse em resguardar as vidas da população, permitindo que o desastre natural recaia sobre os mais pobres. O caminho para enfrentar essa situação não é a demagogia ambiental, mas a luta contra o capitalismo e a burguesia.  

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