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"Queridinho" do imperialismo

Ali Bongo, um ditador impopular, mas que respeita o meio ambiente

São dois pesos e duas medidas que deixam claro que é preciso entender as intenções por trás de qualquer política defendida pelo imperialismo

No último sábado (09), como parte da edição especial de 10 dias do golpe militar no Gabão do Diário Causa Operária, foi publicada uma entrevista exclusiva com Daniel Mengara, líder exilado da oposição ao governo do agora deposto Ali Bongo e fundador do movimento Bongo Must Leave. Dentre as dezenas de perguntas feitas e tópicos discutidos, Mengara relatou quão próximo era o governo Bongo do imperialismo, tanto francês – seu principal aliado -, quanto norte-americano.

Ao falar sobre a falta de apoio popular do regime de Ali Bongo, Mengara explicou que o imperialismo era próximo do ex-presidente apesar do caráter profundamente anti-popular de seu governo – o que é, de fato, esperado quando levamos em consideração que estamos falando da política imperialista. Um dos motivos dessa afinidade, todavia, é surpreendente:

“E o que vimos no vídeo foi realmente uma revelação dessa realidade, que Ali Bongo sabia que não tinha apoio popular dentro do Gabão. Ele sabia disso. E seus parceiros eram sempre ocidentais, França e Estados Unidos, especialmente, porque alguns deles acham que ele tem sido um cara bom para políticas ambientais no Gabão. Mas eu digo: políticas ambientais são uma coisa, mas isso não é como você governa um país. Você não cria cooperação com um presidente apenas com base no fato de que “olha como ele é bom com o meio ambiente”. Você vai financiar o meio ambiente nesse país, mesmo quando se trata de um ditador?”, afirmou Daniel ao ser questionado sobre um vídeo gravado por Ali Bongo enquanto estava em prisão domiciliar nas primeiras horas após o golpe.

Ou seja, toda a barbaridade do governo de Bongo estaria completamente justificada, aos olhos do imperialismo, por sua política em relação à preservação do meio ambiente. Isso revela, em primeiro lugar, como esse tipo de política é uma farsa, algo importante para compreendermos o embate entre o Ibama e o Executivo em relação à exploração do petróleo na Margem Equatorial, por exemplo.

Mais adiante, Mengara revela que a intervenção dos Estados Unidos no Gabão se dá justamente por meio das questões ambientais. “Eles têm estado mais envolvidos em questões ambientais, financiamento, conservação da floresta, biodiversidade e assim por diante. E, assim, indiretamente, eles vêm para um projeto assim, mas não têm estado diretamente ativos na política gabonesa”, afirma.

Mas qual seria o interesse dos EUA nesse tipo de questão? O apoio a Bongo e seu governo ditatorial revela que não é por uma preocupação com o povo gabonês, que sofreu por mais de cinco séculos nas mãos de fantoches da França. O imperialismo não pode afirmar, portanto, que quer preservar as florestas e mares do Gabão por estar preocupado com a situação da população do país centro-africano.

Fica claro, consequentemente, que é uma política completamente demagógica. Antes de uma preocupação com o meio ambiente, representa a manutenção dos recursos naturais do Gabão para que o imperialismo possa, ele próprio, explorá-los posteriormente.

“Quando se fala da parceria com Ali Bongo, na verdade, o New York Times publicou um artigo alguns dias atrás em que basicamente dizia que Ali Bongo já foi o “queridinho do Ocidente”. Isso diz algo. “O queridinho”, por que razão? Bem, as razões eram políticas ambientais, é só isso. Então “o queridinho” porque vocês [o imperialismo] querem preservar a floresta enquanto são os maiores poluidores do meio ambiente do mundo, mas querem proteger a floresta. E por essa única ideia, vocês vão se associar a um ditador em detrimento do povo?! […] Mas em qual contexto você acha que é melhor para viver? Um país democrático, estável, que ainda pode ser seu parceiro em questões ambientais, ou um ditador com o qual vocês vão trabalhar como um único indivíduo, contra a vontade do povo?”, disse Mengara, deixando claro como o chamado “ambientalismo” é uma farsa.

Para os Estados Unidos e a França, Ali Bongo, apesar de ser um ditador impopular que só trouxe miséria para o Gabão, é uma figura respeitável por supostamente respeitar o meio ambiente.

Não deixe de conferir a entrevista exclusiva com Daniel Mengara na íntegra por meio do link abaixo:

Leia na íntegra entrevista de líder dos exilados do Gabão ao DCO

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