A AGU enviou à Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia um pedido para a identificação e punição das pessoas que disseminaram informações falsas a respeito da fila de espera do transplante do apresentador Fausto Silva, Faustão.
A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou à Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD) um pedido para a identificação e punição das pessoas que disseminaram informações falsas a respeito da fila de espera do transplante do apresentador Fausto Silva, Faustão.
Faustão estava internado em estado grave no hospital Albert Einstein e após 22 dias de internação recebeu o transplante. O apresentador tem tipo sanguíneo B e, para essa categoria, o tempo médio de espera por órgãos é de três meses. Ele, entretanto, tinha prioridade devido à gravidade de seu estado. Dessa forma, ficou em segundo lugar na fila de prioridade, em que concorria a espera por um coração com outras 4 pessoas.
Um coração chegou ao sistema e a equipe médica responsável pelo paciente do primeiro lugar na fila de espera de prioridade recusou o órgão possivelmente devido a incompatibilidade. Assim, chegou a vez de Fausto Silva, que recebeu o coração e está em recuperação.
Agora, a PNDD deve realizar processos em massa, caso tenha a estrutura para tal, e caberá a juízes decidir sobre a punição de quem “promoveu notícias falsas sobre o caso Faustão”. Esses juízes não foram eleitos e, ainda assim (ou mesmo por causa disso), vão decidir quem são os responsáveis pela disseminação de “desinformação” e puni-los. Os juízes, evidentemente, também vão decidir em que consiste essa tal “desinformação”, que é conceito vago e seletivo.
Resta saber, por exemplo, se a AGU faria o mesmo com o Estadão, que recentemente publicou uma matéria atribuindo a morte do líder do Grupo Wagner a Putin, o que é totalmente incerto e não comprovado tanto quanto as especulações sobre a fila de espera do transplante do Faustão. Afinal, seguindo a lógica da censura, ao incriminar sem provas um chefe de Estado estrangeiro, o Estadão, ameaça a política externa do Brasil.
É muito claro, no entanto, que isso não vai acontecer, pois a censura tem seu alvo claro: a população e nunca os ricos e poderosos. Somente eles podem ter seus posicionamentos oficiais respeitados pelo Estado burguês do Brasil.
As políticas públicas e os funcionários responsáveis por elas, ainda que sejam muito importantes, como no caso do Sistema Nacional de Transplantes, não são incorruptíveis. A população tem todo o direito de desconfiar da possibilidade de a fila de transplantes ser corrompida pelo poder econômico.
Na verdade, a população deve sempre ter essa desconfiança para pressionar o poder público, que ela própria paga, por transparência. É necessário se ater ao fato de que foi graças à pressão das dúvidas da população sobre a possibilidade de fraude que o ministério da saúde emitiu um comunicado oficial explicando a razão de Fausto Silva ter sido priorizado.