O acirramento do conflito entre palestinos e israelenses tem servido para esclarecer bastante o panorama mundial.
Há não muito tempo, a imprensa imperialista, especialista em mentiras e manipulações, divulgava aos quatro ventos que haveria uma espécie de “unidade civilizacional” contra a extrema-direita. Isto é, que verdadeiros bárbaros da política nacional, como o ministro Alexandre de Moraes, agora seriam heróis da luta contra o fascismo. Que o senhor da guerra, Joe Biden, seria o maior obstáculo da extrema-direita nos Estados Unidos.
Essa teoria sem pé nem cabeça, que acabou angariando o apoio de um setor da esquerda, pode ser resumida da seguinte forma: existem dois tipos de direita, a “civilizada” e a “fascista”. Os acontecimentos recentes, no entanto, têm ensinado que não existe essa distinção. Biden e Trump, PSDB e Bolsonaro estão juntos na condenação dos palestinos e no apoio incondicional ao Estado de Israel.
Biden, eleito com o apoio de um setor do Partido Democrata por ser o “mal menor” não apenas apoia o Estado de Israel, como efetivamente é o seu maior apoiador. O presidente norte-americano foi ao território ocupado pelos sionistas no dia seguinte a um dos ataques de guerra mais monstruosos, que foi o bombardeio de um hospital na Faixa de Gaza. Biden reiterou seu apoio a Israel e deu carta branca para que os sionistas invadissem Gaza.
A imprensa brasileira segue o mesmo padrão. Covardemente, chamam os palestinos de “terroristas” por reagirem timidamente aos ataques de Israel, ao mesmo tempo em que escondem todas as barbaridades dos sionistas contra os palestinos. Em época de “fake news”, Rede Globo e Folha de S.Paulo dão uma verdadeira aula de manipulação e ainda tentam coagir a esquerda a tomar uma posição pró-imperialista.
Essa posição reacionária ao extremo, de cumplicidade com um genocídio em curso, é, curiosamente, a mesma posição dos bolsonaristas. E aqui cai por terra o discurso de que a extrema-direita seria contra o “globalismo”: estão todos unidos em prol de um Estado implementado e sustentado pelo imperialismo.
Ao mesmo tempo em que caiu a máscara da extrema-direita, caiu também dos “civilizados”: não só apoiam a barbárie no Oriente Médio, como resolveram se abraçar com os “fascistas” que tanto criticavam anteriormente.