Cirandeiro

A sociologia festiva de Emir Sader

Emir Sader parte para a especulação para atacar críticos de Lula, contribuindo para a despolitização da esquerda brasileira

Em ritmo de festa, Emir Sader escreveu para o Brasil 247, coluna intitulada “Lula derrota o catastrofismo também”. Trata-se de uma coluna desprovida de um balanço e dados que corroborem a tentativa de análise. Claro, o governo Lula vem superando desafios e sabotagens e tem se saído relativamente bem no campo econômico, mas o tom festivo da coluna a torna uma peça folclórica.

O enfrentamento ao Banco Central, por parte do governo, não chegou a mudar substantivamente a taxa de juros e a implantação de medidas econômicas surtem efeito ainda insuficiente para uma caracterização como a que poderia ser feita se estivéssemos vivendo um “Lula 2”, quando crescemos 7,5%.

Todavia, completamente fora da realidade, Sader afirmou: “O Brasil se recupera. Nunca esteve tão bem. O otimismo se dissemina. A economia volta a crescer, geram-se empregos, o apoio ao governo aumenta. O país parece entrar em um novo ciclo de expansão, que projeta o Brasil com um projeto de esquerda para os próximos anos. 

Uma festa incompatível com as necessidades do País, embora seja fato que existem mudanças bastantes sensíveis que poderão levar a um crescimento a médio prazo. Os projetos de desenvolvimento devem ser apoiados, mas também devem estar sujeitos a uma análise mais rigorosa. Mas, a seriedade não recomenda que se faça uma crítica vazia como feita por Jones Manoel, nem a ‘oba, oba’ de Emir Sader.

Para fazer a sua sociologia festiva, Sader partiu para um vale tudo de acusações feitas direita – que realmente opera uma sabotagem e ataque a tudo o que não corresponde à realidade, como estão fazendo durante os ataques à Márcio Pochmann, um quadro esquerdista desenvolvimentista do PT -, e o que o sociólogo chamou de “velha esquerda”, uma bestialidade discursiva tirada da própria cabeça.

Segundo Sader, “Lula vitorioso incomoda não somente a direita, aquela que acreditava que tinha liquidado o Lula com a prisão sem provas. Incomoda também a velha esquerda, aquela derrotada com o fim da URSS, aquela que se irrita com sua superação pela nova esquerda”. A fuga da realidade foi longe, pois Sader vai até a URSS para atacar inimigos imaginários, ao mesmo tempo que vincula Lula a pertencer a uma “nova esquerda”, o que equivaleria Lula à Gabriel Boric

Boric, por sua vez, se autoproclama membro de uma “nova esquerda”, ou seja, da esquerda pró-imperialista, identitária e contrária ao desenvolvimentismo. Por essas razões Lula vem tendo relativo sucesso no campo econômico, ou seja, se o presidente fosse da “nova esquerda”, seríamos o Chile, que não se desenvolve com Gabriel Boric, o serviçal do imperialismo.

O autoproclamado marxista, Emir Sader, avança para o terreno completo da especulação, da metafísica, fugindo completamente da realidade. De acordo com o sociólogo “o otimismo do Lula incomoda a direita e a velha esquerda também. Ao invés de compartilhar da felicidade que vive o Brasil, da melhoria das condições de vida da massa da população, da derrota da direita e da extrema direita, se incomoda com o sucesso do Lula e do país”. 

Se compartilhar da felicidade fosse elemento da política, e balizasse a crítica, ninguém poderia ser contra Bolsonaro, que esbanjou felicidade no primeiro ano de governo. Não é possível que um sociológo, autoproclamado marxista, caia num nível tão fuleiro de subjetividade. Sader não dá ponto sem nó, em sua política imaginária o otimismo pode derrotar o que ele chama de “catastrofismo”.

“O sucesso do Lula derrota o catastrofismo, aquela visão que, derrotada, gostaria que essa derrota se alastrasse às outras forças também. Dizem que seria preciso tomar cuidado com o sucesso do Lula, porque esse sucesso derrotaria o catastrofismo”, afirmou. Não há oposição, não há golpe, não existe o imperialismo, não existe a própria política, na sociologia de Emir Sader. Há somente o otimismo e o pessimismo.

Sader possivelmente está frequentando o templo de Monja Coen, e fugiu da leitura e da práxis do marxismo. Otimismo na política, principalmente para a esquerda, é trabalhadores pressionando a burguesia, ocupando ruas, conduzindo o governo à vitória, mas sempre tendo claro que a luta é todo dia. Lula resiste, mas não se pode ser otimista na sabotagem permanente contra o governo.

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