A operação iniciada pelo Hamas na madrugada de sábado passado e que abriu a maior crise em Israel desde sua fundação vem gerando uma enorme mobilização popular em todo o Oriente Médio. Apesar da enorme censura por parte da imprensa burguesa, nas redes sociais é possível ver milhares de relatos em vídeos e imagens de milhões de trabalhadores saindo às ruas nos principais países árabes a medida que a guerra se desenvolve.
Porém, não é apenas a população destes países que vem assumindo uma posição cada vez mais próxima ao povo palestino, mas também diversos regimes locais, que no passado possuíram inclusive uma forte relação com o imperialismo, sobretudo norte-americano, vem assumindo uma posição contra Israel.
O principal caso é a posição tomada pela Arábia Saudita, um dos mais importantes países árabes. O regime saudita em todas as últimas décadas se colocou como um importante aliado dos Estados Unidos na região. Sua política favoreceu o controle imperialista do Oriente Médio e impulsionou as relações econômicas entre ambos os países em detrimento do povo árabe. No entanto, com o desenvolvimento da crise mundial do imperialismo e seu enfraquecimento cada vez mais claro após a derrota para o Talibã no Afeganistão e o início da operação militar russa na Ucrânia, os sauditas passaram a se distanciar do imperialismo e se aproximar dos BRICS.
Efetivamente, essa aliança foi consumada na última Cúpula dos BRICS, que confirmou oficialmente a entrada da Arabia Saudita no bloco liderado por Brasil, Rússia, Índia e China. O aumento das relações com outros países atrasados, sobretudo Rússia e China que se encontram em direta oposição aos interesses do imperialismo, revelou uma mudança de rumos no regime saudita.
Agora, com o estouro de um conflito histórico entre Palestina e Israel, a reação da Arábia Saudita em defesa da Palestina mostra o desenvolvimento da crise do imperialismo, uma reação que só ocorre com o enfraquecimento geral do bloco ao nível mundial.
A Arábia Saudita está “monitorando de perto os desenvolvimentos sem precedentes entre várias facções palestinas e as forças de ocupação israelenses, resultando em uma escalada de violência em várias frentes”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores saudita.
Além disso, declarou que o governo se posiciona contra a “ocupação em curso e da privação do povo palestino de seus direitos legítimos, bem como as repetidas provocações deliberadas contra suas santidades”.
No mesmo sentido, o Catar havia afirmado que Israel é o “único responsável pela escalada em curso devido às violações contínuas dos direitos do povo palestino, incluindo suas recentes invasões repetidas na sagrada mesquita de Al-Aqsa, sob a proteção da polícia israelense”.
Outros países da região, já em antigos confrontos com o imperialismo, também defenderam a ação em curso pelo Hamas. Assim, os sauditas se colocam diretamente contra os interesses do imperialismo, o que amplia a crise na região.
O desenvolvimento deste confronto está causando uma reação histórica dos países árabes, o que pode colocar em que xeque o domínio imperialista em toda região.