Quando o Pelé começou a jogar a bola e se destacar no universo futebolístico nos meados de década de 50 do século passado, a comunicação em massa era bem diferente desta de hoje em dia, onde a notícia é dissipada na velocidade de luz. Numa época em que a imprensa via rádio era a mais comum, as pessoas imaginavam as cenas narradas pelos locutores de rádio, e as imagens eram disseminadas via jornal impresso. Nessa época, quase ninguém possuía aparelho de televisão. Era objeto exclusivo da burguesia. E, nesse contexto, a profissão de fotógrafo jornalístico tinha uma grande importância para divulgar os acontecimentos esportivos para o grande público, para aqueles que nunca foram a um estádio conseguissem sentir o calor da emoção, do público em êxtase ao presenciar um gol, da revolta do povo ao ver o árbitro marcar de forma equivocada, de gritos de horror ao ver que um jogador machucou a perna etc. Até existe o termo para isso: “fotojornalismo”, onde a informação é transmitida de forma clara. E as imagens precisam captar o momento certo, numa época que não existiam recursos digitais. Tudo era feito de forma analógica.
Pelé quando jogava obviamente chamava a atenção de todos os fotógrafos esportivos. Mas dentre eles alguns destacaram, fazendo parte da história de fotojornalismo. Listamos aqui quatro principais profissionais que fizeram a história do fotojornalismo esportivo brasileiro: Domício Pinheiro, Reginaldo Manente, Alberto Ferreira e Antônio Lúcio.
Reginaldo Manente (1934-) iniciou na carreira aos 16 anos de idades sendo assistente do irmão que era fotógrafo do Palácio do Governo do Estado de São Paulo. Em 1952, entrou no jornal “O Esporte”, depois “Gazeta Esportiva” e depois no Grupo O Estado de São Paulo. Manente foi o primeiro fotógrafo a enviar imagens durante a inauguração de Brasília em 1960. Registrou o contato dos irmãos Villas-Bôas com os indígenas da região amazônica, transmitindo fotos via radiofoto direto da floresta, algo inédito na época. Trabalhou em quatros Copas do Mundo. Ele registrou o jogo de despedida do Pelé na Vila Belmiro.
Domício Pinheiro (1922-1998) começou a carreira na Folha Carioca do Rio de Janeiro e no Última Hora. Mas foi durante a época em que trabalhou no grupo Estado (1954 a 1989) que ficou conhecido como o fotógrafo de Pelé. Ele é autor do livro “Era Pelé – documento histórico-fotográfico – o atleta do século”. Publicado em 1984 com 384 páginas, é um registro histórico em imagens do rei do futebol. Uma mais que merecida homenagem à nossa majestade. Domício registrou cerca de 400 jogos de futebol. Alguns afirmam que o Pelé teve a alma fotografada por Domício Pinheiro.
Alberto Ferreira (1932-2007) Fotógrafo paraibano queria ser jogador de futebol e jogar no Flamengo. Acabou virando fotógrafo, e depois editor de fotografia do Jornal do Brasil. Sua foto mais conhecida é a lendária bicicleta de Pelé, registrada em 1965. Ferreira documentou o nascimento de Brasília, Copas do Mundo, jogos olímpicos e futebol brasileiro entre 1950 e 1980. Acompanhou a famosa viagem de Santos à África, aquela que “parou a guerra civil” para ver o Pelé jogar.
Antônio Lúcio (Antônio Lúcio Miguel Rodrigues Ramos, 1930-2000) Trabalhou por muitos anos como correspondente do O Estado de São Paulo. Cobriu a concentração da Seleção Brasileira de Futebol em Poços de Caldas – MG para o Mundial de 1958. O registro fotográfico foi organizado na publicação “Seleção nunca vista”, que saiu pela Capella Editorial.