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Nada de luta de classes

A política identitária do PCB para a docência universitária

Artigo publicado em O Poder Popular defende cotas para professores universitários

A política de cotas, inicialmente uma política progressista para a população negra do Brasil, hoje se esvazia com a política identitária, e às vezes se torna até nociva. A discussão sobre as cotas saiu do âmbito dos estudantes universitários e apenas da questão racial. Agora se fala de cotas para mulheres, para a população trans, dentre outras. E não só apenas para alunos, mas de forma geral em diversas instituições da sociedade. É o caso do PCB que publicou o artigo “POR COTAS DOCENTES, O MUP ESTÁ PRESENTE!”, em sua revista O Poder Popular.

O MUP, ligado ao PCB, organizou uma manifestação na UERJ por que em sua opinião: “um corpo docente composto majoritariamente por homens brancos cis é prejudicial para a formação não só por questões de representatividade, mas também porque essa homogeneização garante a reprodução do discurso hegemônico, que repercute na reprodução de violências inclusive dentro da própria sala de aula.” O argumento identitário é ridículo, dado que a universidade estadual está sob constante ataque do governo do estado que atualmente é controlado pelo bolsonarista Claudio Castro.

Além disso esse é o menor dos problemas em relação aos professores universitários. Os professores são uma burocracia de altos salários que acaba adotando uma postura ultra conservadora em relação a universidade e pelos regimentos internos tem um peso muito maior no controle das universidades. Isso quando a instituição não é controlada de fora, por exemplo pelo governo do estado. Os alunos deveriam lutar não por cotas para os professores mas sim por um controle maior da comunidade acadêmica, e principalmente da sua maioria estudantil, que também é o setor mais progressista da instituição.

O texto cita as reformas em outras universidades: “É importante frisar que há universidades que já reformaram ou, pelo menos, já aprovaram a reformulação dos concursos, como UFMG e USP, adotando uma nova métrica que viabilize efetivamente o cumprimento das leis garanta maior diversidade entre o corpo de professores. Por isso, estamos na mobilização dessa pauta entre estudantes, técnicos e docentes para que possamos construir um novo sistema de concursos e que possamos construir um corpo docente
que seja condizente com a realidade brasileira!”

Aqui segue o mesmo argumento, o corpo docente não condizente com a realidade brasileira devido a sua raça e sexualidade. Os professores universitários se descolam da realidade dos estudantes pois constituem uma burocracia privilegiada. É daí que surge a opressão citada no primeiro parágrafo em que os alunos muitas vezes são diretamente oprimidos pelos professores. Uma universidade controlada pela maioria estudantil, em conjunto a professores e técnicos, evitaria todo tipo de opressão contra os estudantes. E resolveram também diversos outros problemas da instituição, que nos dias de hoje, está se tornando apenas um antro do identitarismo reacionário.

O artigo então analisa: “Como marxistas, nos afastamos de certas leituras estruturalistas, sobretudo de origem anglo-germânica, que levam à suspeição para com a ideia de Verdade às últimas consequências. Não nos afiliamos a um universalismo abstrato de cunho positivista como o que coloca o homem branco europeu como medida de todas as coisas, mas entendemos que há sim uma dimensão objetiva no discurso da ciência e que, sobretudo, há validade universal no cerne da crítica da economia política marxista.” O PCB aqui revela que Marx não foi um militante da luta da classe operária mas sim da luta contra o eurocentrismo. É um absurdo.

A crítica marxista é baseada na análise de classe. As universidades portanto devem ser analisadas como instituições do Estado burguês que portanto são submetidas a política da burguesia. Os professores são uma camada de burocratas pequeno burgueses que são contratados para atuar em defesa da perpetuação da sociedade burguesa. Os estudantes no entanto, que compõe a maioria da universidade, sendo pequeno burgueses ou operários, são um elemento muito mais progressistas por serem em grande parte jovens. O movimento estudantil em diversos momentos tomou a dianteira da luta política, o mesmo não pode ser dito pelos professores universitários.

Há dois casos mais famosos. O da Revolução Cultural chinesa em que a juventude liderou a mobilização contra a burocracia, que incluía a luta contra o domínio desses professores nas universidades. Outro mais interessante por atuar dentro do Estado capitalista foi o maio de 1968 francês. Os professores basicamente desapareceram quando o movimento estudantil cresceu. Apenas Sartre, que era considerado mais esquerdista conseguia participar das assembleias, e mesmo assim com muita dificuldade. Esse caráter democrático, o governo dos estudantes, técnicos e professores, deveria ser a pauta do movimento estudantil, e não a defesa de cotas para os professores, que em última instância não muda nada.

O artigo conclui: “É exatamente por isso que precisamos reforçar a importância de que sujeitos sobre os quais a luta de classes se impõe de forma mais violenta se engajem na produção de ciência: se há algo objetivo no discurso científico (e há), trata-se das respostas a que se chega quando se conforma o método adequado ao seu objeto. As perguntas, porém, são tão ou mais importantes que as respostas – e elas estão intrinsecamente ligadas a quem produz ciência.” A inclusão dos oprimidos na educação e na produção de conhecimento é crucial, mas não será adquirida com cotas para professores mas com uma grande expansão de toda a rede de ensino público, desde o básico até o superior. É o problema da tradicional politica de cotas, é preciso o fim do vestibular, ou seja, o livre acesso nas universidades para que o negro de fato tenha acesso ao ensino superior.

O PCB aqui demonstra que o stalinismo se curvou completamente ao identitarismo. Os auto proclamados comunistas estão mais preocupados em estabelecer uma política de cotas para professores universitários do que nas grandes pautas do movimento estudantil. Querem defender a implementação de uma lei de 2011, invés de travar a luta revolucionária dos estudantes para levantar a classe operária. Mas o PCB já abandonou há muito a luta pela libertação da classe operária, está mais preocupado justamente com cargos em universidades públicas, talvez o motivo real por detrás do texto.

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