Foi publicado no Blog do Noblat, no portal Metrópoles, no último dia 7, uma coluna escrita por Jaime Pinsky, intitulada A paz possível. Trata-se de uma matéria infestada de problemas analíticos e erros históricos. Antes de mais nada, é preciso registrar que estamos diante de um texto centrista, que pende em favor dos opressores israelitas.
O truque primeiro do autor é manipular a opinião do leitor para um suposto maniqueísmo daqueles que denunciam o caráter colonial e fascista de Israel. Depois de acusar os supostos maniqueístas, faz uma falsa caracterização inicial sobre Israel. De acordo com Pinsky, “Israel não é uma manifestação do imperialismo ocidental, uma estrutura política destinada a espoliar riquezas de continentes, povos e nações saqueados por nações industrializadas”.
Uma afirmação absurda! Se por um lado Israel não é um país imperialista, por outro lado, é um preposto do imperialismo, ou seja, um país no coração do Oriente Médio que atua para atacar os países árabes, surrupiar o petróleo na região, ameaçar populações e desestabilizar governos.
Prova disso é a fala do candidato independente à presidência dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., que viralizou na Internet. Kennedy Jr. defendeu a importância estratégica de Israel para os interesses da política exterior americana em uma recente entrevista.
“Israel funciona como fortaleza dos EUA no Oriente Médio. Um porta-aviões no Oriente Médio, um aliado “incrível” em termos de tecnologia. O dinheiro vai para os Estados Unidos, mas agora o Irã é aliado da Rússia e da China. O Irã controla o petróleo da Venezuela, onde o Hezbollah está presente, apoiando o regime de Maduro. Com a Arábia Saudita entrando no BRICS, que vão controlar 90% do petróleo mundial se Israel desaparecer. Israel é nosso embaixador lá, nos dando inteligência e capacidade para influenciar os eventos. Isso seria uma catástrofe para a segurança nacional dos EUA”, disse Kennedy Jr., em entrevista ao canal The Rubin Report no último domingo (5).
Além da ingenuidade autodeclarada, o autor da matéria floreia em torno da origem supostamente “idílica” de Israel. De acordo com o “historiador”, a origem de Israel “tem a ver, antes de tudo, com jovens que viviam na Europa, em áreas da periferia do Império czarista, onde os judeus eram constantemente vítimas de pogroms (perseguições, massacres)”, e continua, “Muitos desses moços, em contato com literatura marxista, inconformados com as perseguições de que eram vítimas, concluíram que esse estado de coisas só mudaria quando os judeus voltassem a trabalhar no campo em atividades produtivas, aceitassem viver em comunidade, desenvolvessem atividades produtivas coletivamente. Ou seja, o oposto da dominação imperialista”. (grifos nossos)
Nada mais falso, pois Israel é resultado do sionismo e da Declaração de Balfour. O sionismo é um movimento que visa, a partir da polarização com o islamismo e da colonização, impor a dominação territorial sobre o Oriente Médio. Não é nem de longe um movimento marxista.
O interesse dos Rothschild em destruir a Palestina atravessou dinastias da família e se materializou após a Declaração de Balfour, documento no qual o Reino Unido respalda pela primeira vez “o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina”. O documento simboliza o interesse do imperialismo e é pedra fundamental de Israel como Estado para os judeus e, ao mesmo tempo, uma “grande traição” na visão dos palestinos.
Israel não tem nada a ver com o marxismo, com jovens inocentes em kibutz e muito menos que não tem interesse em oprimir a região. Israel surge da necessidade do imperialismo em ter um território para oprimir e explorar o Oriente Médio.
A retórica pró-Israel do autor é tão fantasmagórica e absurdamente reacionária que ele inverte a questão da partilha da Palestina. De acordo com o autor, “países vizinhos se uniram e, a pretexto de ajudar os palestinos, invadiram o território destinado aos judeus. Os árabes que moravam na região acreditaram na vitória da coligação de 7 países vizinhos, que prometeram, literalmente, ‘jogar os judeus no mar’”.
Trata-se de uma falsificação grotesca e postura reacionária, avesso à verdade e aos fatos. Com esse tipo de historiador, jamais teremos a paz, pois esse autor fustiga o povo oprimido, que está sendo dizimado em um genocídio televisionado. Israel não tem nada a ver com jovens marxistas em kibutz, mas com imperialistas que querem sangue árabe jorrando.
É absolutamente claro que a doutrina sionista visa eliminar o povo palestino e promover uma limpeza étnica. O sionismo é terrorismo puro, que, embora se esconda sob o rótulo de um movimento judaico, não passa de uma doutrina colonizadora, de limpeza étnica dos palestinos, que visa impor seus interesses em toda a região do Oriente Médio, movido pela indústria bélica e pelo lobby sionista, que muitos defensores de Israel representam.