Os ataques da imprensa capitalista nas últimas semanas demonstraram que o imperialismo e a burguesia em sua maioria não desejam acordo com o governo Lula. O Governo Lula é atacado em ambos os flancos, direito e esquerdo, e sua única reação é entregar o regime político à direita, sem resistência.
A sanha da imprensa
Desde o seu início, os ataques ao governo Lula eram constantes, mas no geral tinha um caráter mais velado. Com a imprensa burguesa tentando se reciclar do desgaste sofrido ao apoiar o último golpe.
Entretanto, essa semana após o anúncio do ministro da Secretário da Comunicação, Paulo Pimenta, da indicação de Márcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esse panorama mudou.
A campanha contra o governo é apresentada como uma questão administrativa, onde a ministra Simone Tebet, teria sido atropelada pelo governo. O que a burguesia tenta ocultar é uma disputa pelo controle do governo, mas especificamente desse setor da máquina estatal.
Não podemos esquecer que Simone Tebet, é latifundiária, inimiga das comunidades indígenas, que participou ativamente do golpe em Dilma Rousseff. O fato da burguesia ter realizado uma campanha para sua nomeação e agora realizar essa disputa é um indicativo dos interesses envolvidos.
A imprensa golpista acusa a nomeação de Pochmann para direção do IBGE como sendo artifício para adulterar os indicadores do país. O fato é que o IBGE sofre um desmonte desde o golpe de Estado de 2016. Bolsonaro em seu turno chegou a cortar 96% do orçamento da instituição.
Eleições 2024
Um dos pontos da história política do PT mais questionáveis é a prática de apoio a candidaturas que nem ao longe poderiam ser consideradas aliados ou benéficas ao próprio PT. Essa política tende a ser ainda mais desastrosa numa situação de polarização como a que vivemos, se a mesma interfere diretamente no desenvolvimento das atividades do governo federal, será calamitosa nós eleições de 2024, suas consequências para 2026.
Um bom exemplo disso é o que está ocorrendo em São Paulo, onde a direção nacional do PT , considera não lançar candidatura própria para apoiar Guilherme Boulos no PSOL. vale lembrar que esse é o mesmo Boulos do “não vai ter Copa”, que participou como braço esquerdo do golpe de Estado de 2016 em Dilma.
No momento de polarização, os grupos que melhor expressam essa tendência, são os que melhor se desenvolvem. A declaração de inexigibilidade de Bolsonaro apenas animou a extrema-direita, que agora utiliza a campanha de injustiçada, fortalecendo sua posição.
Já o PT, busca não expressar essa polarização pela esquerda, desmoralizar a militância evitando ir às ruas e acaba desejando um futuro sombrio para a agremiação.
Legalização da ditadura, ou ditadura legal
Seja por suas concepções limitadas, seja por pressão do imperialismo, da imprensa ou do grande capital, o PT está permitindo que a direita tradicional leve o regime a um fechamento preocupante.
Essa tendência se demonstra na indicação de ministro como Flávio Dino, e seu pacote de opressão, ou nas próprias declarações de Lula. O fato é que embora o PT tenha uma base eleitoral popular, suas lideranças, com poucas exceções, são pequenos burgueses que não tem qualquer vínculo com a população mais pobre.
Uma expressão desse fenômeno está na composição do governo Lula, onde apenas o Luiz Marinho tem uma origem operária. A tendência na ausência de movimentos da classe operária, é que esses indivíduos da pequena burguesia evoluam a direita.
Apenas a mobilização operária
Embora Lula tente apaziguar, buscando colaboração com a burguesia nacional, pela natureza da base social que sustenta sua política, essa não é uma possibilidade neste momento.
O imperialismo para perpetuação da sua existência tem a prática de não negociar com os países dominados. Os países imperialistas negociam entre si, quando ocorre de um país imperialista reconhece a liberdade de sua colônia é porque na prática a mesma não estava mais sob seu domínio.
A única via progressista para o governo Lula é a mobilização popular. O programa popular para o qual foi eleito é exequível apenas via mobilização da classe trabalhadora. Essa é a única forma do governo deixar de ser um refém da direita e ter algum poder real de governar.