Em sua coluna no Estado de S.Paulo, Eliane Cantanhêde demonstrou o nível de demagogia que atingiu a saída de Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal (STF). Com seu mandato chegando ao fim, a extremamente reacionária e golpista ministra, que votou pelo golpe, pela prisão de Lula e por todas as arbitrariedades do regime golpista, agora quer terminar sua trajetória no judiciário como uma mulher progressista, em defesa dos direitos democrático das mesmas.
Repentinamente, Rosa Weber decidiu ser uma liderança para a luta de alguma flexibilização do aborto no País. Em um voto sem muitas explicações e sem sequer ler o parecer, a ministra do STF entrou nas páginas dos jornais como uma suposta defensora das mulheres e de seu direito de abortar. Além da demagogia, a ação mais uma vez faz parte da intervenção do tribunal em cima de decisões que deveriam ser responsáveis apenas do Congresso.
“Se Câmara e Senado têm razão ao exigir limites óbvios, fica a pergunta: por que o STF invade a esfera legislativa? Para cobrir o vácuo deixado, por conveniência ou desinteresse, pelo próprio Congresso, onde os políticos detestam entrar nessas bolas divididas, com a sociedade rachada ao meio”, defendeu Cantanhêde.
A mesma articulista também tornou-se de repente uma nobre defensora do direito ao aborto, sendo neste caso em até 12 meses, ou seja, míseros três meses de gravidez.
“A questão, em pauta no País e no mundo há muitas décadas, não foi enfrentada pelo Congresso e chega à pauta do STF com uma mulher presidindo a Corte. Dias antes de se aposentar, Rosa Weber deixou um voto de 126 páginas, para o plenário e a história, defendendo “justiça social e reprodutiva” para descriminalizar o aborto até 12 semanas”, engrandece Eliane Cantanhêde.
E finaliza afirmando que “o Supremo se identifica com a vanguarda e o Congresso assume um crescente conservadorismo”. Essa série de belas palavras da articulista que defendeu o golpe, os interesses do imperialismo e os ataques contra os trabalhadores revela a enorme demagogia em cima do problema da mulher no STF, também condizente com a campanha levada a frente “por uma mulher negra no STF”.
O que está em jogo não é nenhuma luta em defesa do aborto, mas sim uma manobra para reciclar a imagem de Rosa Weber a medida que aprofunda a intervenção arbitrária do STF.
O aborto é um direito democrático de todas as mulheres e deveria como tal ser garantido pela constituição, além de um problema de saúde pública onde milhares de mulheres morrem todos os anos em clínicas clandestinas e em abortos não amparados pelo sistema de saúde. No entanto, o que defende Rosa Weber não é uma legalização de fato, apenas um mero atenuante, algo praticamente não deferente frente a realidade das mulheres. Porém, é tratado com enorme campanha pela imprensa burguesa.
A razão? A suposta ação democrática passa mais uma vez por cima do Congresso e permite o STF legislar mesmo não tendo sido eleito. Assim, o tribunal passa a existir acima dos outros poderes e abre todas as brechas possíveis para avançar em uma verdadeira ditadura contra toda a população. O que a imprensa burguesa impulsiona é justamente esta política que será responsável por passar por cima de todos os direitos dos trabalhadores.