Durante o 59º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso declarou aos quatro ventos, em um palanque, que ele e outros haviam derrotado o bolsonarismo.
O ministro esteve no congresso a convite da UNE, fato que revela o grau de decomposição política da atual direção da maior organização de luta dos estudantes do Brasil. Qual é a importância da presença de um ministro no congresso que busca organizar a luta dos estudantes no próximo período?
De qualquer maneira, a fala de Barroso deu vazão às críticas da direita sobre o Poder Judiciário, e com razão. Um ministro do Poder Judiciário não pode se mostrar parcial, especialmente em um caso desses, quando Bolsonaro recentemente acabou de se tornar inelegível por decisão de outra corte, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A posição pública de Barroso serviu para a direita se movimentar para denunciar a corte, e o fez corretamente. Um ministro não pode se mostrar parcial. Seria como um juiz que apita um jogo com a camisa de um dos times por debaixo de seu uniforme. Esses acontecimentos reforçam a posição da direita, e, na verdade, o próprio bolsonarismo, que pode se tornar até um mártir em razão da perseguição judicial contra ele.
“Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, disse Barroso no congresso da UNE, sendo ele um dos responsáveis pela ascensão do golpe de Estado que o Brasil sofreu.
Barroso foi um dos ministros que votou contra o Habeas Corpus apresentado por Lula (seguindo a posição do próprio Alexandre de Moraes à época), para evitar a execução provisória da condenação. Ou seja, Barroso colaborou para que Lula fosse preso em Curitiba, em abril de 2018. Também votou contra o pedido de registro de candidatura de Lula em 2018. Apoiou a operação golpista Lava Jato, e, na verdade, ele mesmo ajudou Bolsonaro a assumir o poder.
A esquerda que apoia Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luís Barroso e outros direitistas na realidade se tornou a base social desse setor político. Não se trata mais de mero oportunismo, mas de uma adesão ideológica, um apoio para pessoas que patrocinaram uma das maiores crises nacionais, que apoiaram o golpe de Estado.
Com isso eles acabaram abrindo caminho para pessoas que amanhã ou depois vão atuar contra a classe trabalhadora e contra os interesses dos próprios estudantes. Toda classe trabalhadora sabe que a atuação dos juízes e ministros em suas causas são sempre prejudiciais. Basta ver o que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) faz com as organizações sindicais durante uma greve.
A luta contra o bolsonarismo deve se dar nas ruas, com a mobilização do povo em torno de suas reivindicações, na defesa do governo Lula e de suas propostas progressistas. Não é um juiz ou ministro que irá por fim ao golpismo que assolou o país no último período. Pelo contrário, foram juízes e ministros que abriram caminho para o golpe e o bolsonarismo.