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Demagogia

A “indignação seletiva” não é da esquerda, mas do imperialismo

Estado de S. Paulo publica coluna atacando a esquerda e o Hamas. O jornal ignora a situação na Palestina em defesa da base militar imperialista

Na última quinta-feira, dia 12 de outubro, O Estado de S. Paulo publicou artigo de seu colunista, José Fucs, atacando a esquerda e a luta do povo palestino. Intitulado “Apoio ao ‘terrorismo do bem’ do Hamas e censura à Israel mostram indignação seletiva da esquerda”, o articulista busca demonstrar que, de fato, a esquerda seria hipócrita e antissemita ao duramente criticar “Israel” e o genocídio que comete na Palestina. Nenhum dos objetivos é conseguido pelo autor, que conta com a ignorância dos leitores para divulgar sua posição pró-imperialista. Vamos aos argumentos:

“[…] a esquerda brasileira já deu inúmeras demonstrações de que, para ela, vale a máxima de que ‘os fins justificam os meios’”. Logicamente, pois a única coisa que pode justificar um meio, é o fim que se pretende atingir. Caso o meio não corresponda ao fim, se está agindo de uma forma sem sentido. Esse tipo de artifício é utilizado para condenar, em geral, reações violentas, e especificamente do mais fraco, oprimido e explorado. Aqui, é utilizado para condenar a ação militar do Hamas.

A violência de “Israel”, a colonização, as remoções, o impedimento de acesso a recursos básicos, o massacre de protestos pacíficos, nada disso se menciona, porque, finalmente, “os fins não justificam os meios”. É uma forma de não se engajar com a posição do interlocutor.

“Desde os tempos de Luís Carlos Prestes […], quando os comunistas faziam contorcionismos para tentar justificar a ditadura sanguinária de Joseph Stálin na União Soviética, a esquerda tem se mostrado sempre pronta a legitimar barbaridades perpetradas por regimes e grupos que ela apoia, colocando em xeque o suposto ‘humanismo’ que estaria no centro de sua atuação política.”

Aqui o artigo no Estado revela uma profunda ignorância. O stalinismo foi responsável por, junto ao imperialismo, apoiar a criação do Estado de “Israel”, contra os princípios do marxismo. Mais, amplos setores da esquerda condenam o stalinismo, e o condenaram à época. O trotskismo, por exemplo. A acusação é pura demagogia, já que a promoção de ditaduras por todo o mundo pelo imperialismo é exaltada pelo veículo do imperialismo. A própria “democracia” que apoiam é uma em que os pobres morram de fome e não tenham onde morar, tal qual se fez no Brasil com o golpe de Estado de 2016, apoiado pel’O Estado de S. Paulo.

“Como se houvesse uma espécie de ‘terrorismo do bem’, tudo se mostra justificável para a esquerda em sua fúria contra o Estado judeu, que o Hamas quer apagar do mapa.”

A coluna do Estado usa o argumento das mortes de inocentes. Porém, na Palestina, em Gaza, inocentes são mortos diariamente. 97% da água em Gaza não é própria para consumo, algo organizado pelo governo sionista. Escolas e hospitais são propositalmente bombardeados pela ocupação. O território palestino é invadido, casas demolidas, fontes de água concretadas, bombas, mísseis, fósforo branco despejados sobre a população, parece que nada disso justifica uma revolta armada. O que faltaria?

Como apresentamos, a ação do Hamas foi uma reação a toda a opressão ao povo palestino. Terrorismo é o praticado por “Israel” ao longo de 75 anos de ocupação militar. Mas a falsa indignação do demagogo redator vai além:

“O MST chegou a colocar uma nota oficial em seu site, que depois foi retirada, na qual exaltava a ‘brava resistência’ dos palestinos ante a transformação de seus territórios no que o movimento chamou de ‘campo de concentração isolado do resto do mundo’, numa evidente banalização do Holocausto, que levou a vida de seis milhões de judeus. O PCO foi além. ‘O Hamas acendeu a chama da resistência contra o estado terrorista e fictício de Israel. Todo apoio ao Hamas! Fim de Israel’, afirmou o partido numa publicação nas redes sociais.”

“Na internet, as manifestações contra Israel e a favor do Hamas tiveram requintes de crueldade em relação às vítimas dos ataques em Israel”

“Em nenhum momento, esse pessoal manifestou qualquer solidariedade às vítimas do Hamas. E, quando veio a resposta de Israel aos ataques, a malta apressou-se em repudiar o que classificou de ‘genocídio’ dos palestinos, numa demonstração clara da ‘indignação seletiva’ que muitas vezes marca a esquerda.”

O erro do MST foi retirar do ar a nota. Gaza é por definição um campo de concentração, uma prisão a céu aberto, completamente cercada. Para o articulista do jornal burguês, requintes de crueldade são comentários na internet, e não ter como alvo de bombardeios civis e hospitais, como faz “Israel”. O Hamas trava uma luta de libertação nacional. Sendo assim, toda ação violenta se justifica contra a ocupação militar. Não há solidariedade a se expressar contra aqueles que submetem outro povo, roubam suas terras e recursos, os mantém em cativeiro, e dizem cinicamente se surpreender com a revolta, colocando-se, ainda mais cinicamente, como vítimas dos despossuídos.

“Israel” bloqueou ainda o acesso à energia, água, comida e combustível a Gaza, enquanto bombardeia a esmo os locais em que pretendem atingir o maior número de civis. Se trata, na prática, de um genocídio de toda a população do território. Novamente, pura demagogia.

Não há indignação do colunista, do veículo ou do imperialismo, mas interesses econômicos. “Israel” é uma base militar do imperialismo para controlar o Oriente Médio. E o imperialismo não possui sentimentos. Irá sacrificar toda a população de “Israel” se necessário for para garantir seus interesses, tal como faz na Ucrânia.

“O assessor especial da Presidência da República e ex-chanceler, Celso Amorim, foi outro que condenou os ataques, mas não mencionou o Hamas e ainda sugeriu que ‘os governos de Israel’ eram responsáveis pela ação, porque ‘deixaram de lado o processo de paz’ e acabaram ‘gerando essa situação’, buscando legitimar a ação do Hamas, a quem tem em alta conta.”

A colocação de Celso Amorim reflete bem a realidade. A Palestina busca há décadas um fim de seu suplício. No ano de 2018, apenas cinco anos atrás, uma grande manifestação pacífica se deu em direção aos muros do campo de concentração. Os manifestantes foram fuzilados, abatidos por franco-atiradores, e reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo atiradas inclusive por drones. Os registros são fáceis de encontrar na internet até hoje.

O jornal golpista ainda se dedica a atacar PT, PSOL, PCdoB, Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, e outras figuras por não condenarem o Hamas ou por apoiarem a ação do grupo.

“Diversos parlamentares do PT foram além e declararam abertamente apoio ao Hamas, como a deputada estadual Rosa Amorim, do PT de Pernambuco, que pode ser candidata a prefeita em Caruaru. ‘A resistência é um direito garantido pela ONU e é isso que os palestinos estão fazendo. A ofensiva do Hamas é uma resposta’, disse a petista.”

O jornal denuncia aqueles que defendem a luta de um povo oprimido e defende uma ocupação militar que impõe uma política de supremacismo racial, de maneira oficial, pela lei. Chamam de antissemitas os explorados e aqueles que se põe ao lado deles, mas não tem qualquer divergência fundamental com o antissemitismo. Na prática, o imperialismo usa os sionistas como bucha de canhão contra o Oriente Médio, como tantas vezes utilizou minorias para oprimir maiorias na história. Ao fim, deixa a minoria ser esmagada.

Um adendo se faz necessário: “Israel” não é um estado judeu, mas sionista. A coisa se explicita quando vemos os ortodoxos, mais firmes no cumprimento da doutrina judaica, se opondo de maneira veemente ao Estado de ocupação, e em defesa da Palestina. A paz só virá com o fim do Estado de “Israel”, pela solução de um único Estado laico para toda a população na Palestina, independente de religião. “Israel” é o maior motor do antissemitismo na atualidade.

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