Na última quarta-feira, dia 8 de março, O Globo soltou uma matéria criticando a ação do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) em ocupar terras no sul da Bahia, e elogiando a ação truculenta da política que visava realizar a reintegração de posse. No caso, as ocupações esmagadas pelo Estado policial foram quatro: a fazenda Limoeiro, Caravelas, Teixeira de Freitas e Mucuri. A matéria tenta colocar o MST como uma espécie de oposição oportunista do governo e busca antagonizar governo e MST, além de indicar em alguns trechos que estaria aconselhando o governo,
O MST, grande movimento de massas do povo camponês, ocupou as fazendas acima citadas sob a justificativa da denúncia da monocultura do eucalipto enquanto o povo passa fome e não tem espaço efetivo para a expansão da agricultura familiar. Outra finalidade, foi pressionar por uma figura de esquerda para ocupar o cargo de presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O Globo, de forma mentirosa e oportunista, alegou que o verdadeiro motivo das ocupações fosse levantar um suposto fantasma das invasões rurais para pressionar o governo petista a fazer concessões, inclusive no que diz respeito ao espaço ocupado dentro da máquina estatal, e que os verdadeiros alvos da ação teriam sido, sim, o PT e o Planalto, e não os latifundiários donos da terra.
A matéria segue com ataques infundados sobre o caráter do MST, inclusive visando diluir o caráter de luta dessa entidade, dizendo que os camponeses já não acreditam mais na reforma agrária, e falseia a realidade dizendo que a esquerda não mais vê o grande agricultor (leia-se latifundiário) como uma ameaça ao pequeno proprietário de terras. Finalmente, se a esquerda não vê a ameaça do latifúndio, não poderia ser chamada sequer de esquerda pequeno-burguesa, mas de direita.
Por fim, a matéria encerra dizendo que “a volta das invasões de fazendas produtivas pode ter sido responsabilidade de alguma falange mais radical do MST ou apenas de oportunistas interessados em chantagear o Planalto para ocupar cargos na máquina pública. Nenhuma das possibilidades é boa para o governo ou para o país”, continuando a intensa campanha mentirosa contra o MST.
Luta no campo
O MST é a verdadeira base aliada de Lula, diferente do que pretende a imprensa burguesa. Lula sempre foi defendido pelo movimento dos camponeses sem terra, e seguirá sendo defendido, inclusive com o MST radicalizando a campanha de ocupações de terra por saber que assim terá chances de garantir que seus direitos sejam assegurados.
A vitória de Lula acelerou a polarização, e as bases de movimentos como o MST estão cada vez mais ativas visando aproveitar o momento para garantir na luta os seus direitos. A ação do MST deve ser defendida e impulsionada pela direção do movimento. Ao contrário da tendência expressa nos anos anteriores, de tornar o MST praticamente uma cooperativa, é necessário colocar em marcha o que de fato querem as bases do movimento. A população sem terra está cada vez mais prejudicada pela crise, sem terra e sem condições alguma de sobrevivência, e essas mobilizações são o início do que precisa se tornar uma intensa campanha de reivindicações.
A ocupação das três fazendas da Suzano Celulose e Papel, nesta semana, foi apenas uma ação política das mulheres do MST a fim de protestarem contra o não cumprimento de um acordo que a empresa havia feito com o movimento. Não foi uma ocupação para expropriar a propriedade da Suzano, embora isso seja necessário. As três ocupações também fazem parte da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra.
Três outras ocupações já haviam sido feitas nas últimas semanas e o MST marcou para abril uma nova mobilização, desta vez nacional, de luta pela terra.
É preciso pressionar para que as reivindicações tradicionais dos camponeses sejam atendidas, prioritariamente a reforma agrária com expropriação do latifúndio. As movimentações que estão sendo feitas pelo MST demonstram que os sem terra se sentem agora, após quatro anos de muita timidez sob os constantes ataques do governo Bolsonaro, à vontade para lutar sob um governo que consideram seu.
De fato, Lula foi eleito apenas e tão somente graças à mobilização popular puxada pelas bases do PT, da CUT e do próprio MST.