Criado primeiramente na Alemanha pelo chanceler Otto Von Bismarck, o primeiro regime de previdência no mundo procurou assegurar uma proteção aos trabalhadores contra os problemas de saúde, os comuns acidentes de trabalho, a invalidez e o envelhecimento natural dos cidadãos. Mas foi na França, em 1673, que surgiu um plano de aposentadoria estatal para os membros da Marinha Real, estendendo-se, dois séculos depois, para funcionários públicos.
Na caótica fase capitalista em que o mundo vive, um dos atuais alvos da burguesia parasitária em todos os países é a previdência social, cujo maior beneficiário é a classe trabalhadora, que irá ficar sem esse direito social se as reformas em vigor forem aprovadas.
Desde os anos 90 os governos da França vêm atacando a previdência social, assim como vem ocorrendo em diversos outros países comandados pelo imperialismo. Porém, essas tentativas de reforma da previdência ao longo dos anos vêm deteriorando a popularidades dos políticos diante dos protestos populacionais.
Semelhante ao regime brasileiro, o sistema previdenciário francês enfrenta o estreitamento da base etária da população e procura manter os inúmeros regimes “especiais” de aposentadoria. A primeira tentativa se deu na época do governo Jacques Chirac, em 1995, que procurou atacar as categorias que tinham acesso à seguridade de forma antecipada. A reação do povo fora imediata, fazendo com que o governo recuasse dos ataques. Novas tentativas foram realizadas nos anos 2000, mas os sindicatos brecaram mais uma vez. Em 2010, no governo de Nicolas Sarkozy, finalmente a burguesia conseguira aprovar algumas reformas, mas à custa de uma imensa perda de popularidade para Sarkozy. A idade mínima de aposentadoria fora aumentada para 62 anos e o benefício integral exigia uma idade de 67, um aumento de dois anos em relação às regras anteriores.
Em 2013, o presidente fancês do partido socialista, François Hollande, aumentou o tempo de contribuição mínima para 43 anos. A sua popularidade também fora arruinada.
Atualmente, diante de uma crise derradeira do sistema capitalista, o presidente Emmanuel Macron pretende criar um regime único de aposentadoria, pois o total em vigor está em cerca de 42 modalidades. A população saiu às ruas e fez seguidos protestos contra esse e outros ataques do governo. A popularidade do presidente francês caiu para 23%. No início do mandato era de 65%!
Todos os históricos de proteção social e previdenciária do povo francês, aumentados por anos devido aos impactos positivos da Revolução Francesa, está sob ataque. A burguesia quer burocratizar cada vez mais o acesso e a longo prazo deixar praticamente inviável o direito de usufruir do seguro. Um crime!
As crises francesas diante das tentativas de reforma do seu sistema previdenciário é um alerta para todos os povos sob ataque do imperialismo, pois a política em vigor é de acabar com esse direito. O projeto é turbinar a previdência privada e deixar milhares de cidadãos comuns sem a aposentadoria, como já ocorre, por exemplo, no Chile.
É preciso organizar os sindicatos e a população em geral para protestar contra toda e qualquer tentativa de reforma previdenciária sem uma prolongada discussão com a classe trabalhadora, principal alvo desses ataques.