Foi ao ar, neste sábado, a tradicional Análise Política da Semana, apresentada pelo companheiro Rui Costa Pimenta, agora de volta no canal oficial da Causa Operária TV. Os temas tratados foram o enfraquecimento do imperialismo – com as greves na França e a quebra do Credit Suisse –, o aniversário da morte de Karl Marx e a pesquisa que revelou que 95% do mercado financeiro está contra Lula, deixando evidente que o imperialismo está contra o governo do PT.
O primeiro tema tratado foi o aniversário da morte de Karl Marx, em que o companheiro Rui fez uma exposição sobre a doutrina marxista. Ela é a doutrina das condições de libertação do proletariado, nas palavras de Engels, e, portanto, a exposição tratou de demonstrar que o trabalho de Marx foi, fundamentalmente, o de construção de um partido revolucionário.
Com isso, o companheiro se dedicou a combater duramente a tese de que Marx seria um intelectual de gabinete – como preconizado por muitos setores da esquerda pequeno-burguesa. Na realidade, Marx lutou, no interior da Primeira Internacional, pela participação direta da classe operária na luta política e no parlamento burguês – que só pode ser feito através da formação de um partido operário. Além disso, o companheiro também levantou os principais ensinamentos do revolucionário durante a Revolução de 1848, que são muito ignorados pela esquerda – desde a fundação de um jornal, a Gazeta Renana, até a fundação de um partido revolucionário, a Liga Comunista, passando pela intensa polêmica contra outros setores socialistas com o objetivo de delimitar a política partidária.
Além disso, outro aspecto fundamental é o materialismo. Foi com base na luta contra o idealismo e contra todo tipo de superstição – que, por si própria, é reacionária e adquire seu caráter de maior confusão na religião – que o marxismo surgiu. Antes dele, o iluminismo já tinha se erigido como uma filosofia materialista; no entanto, a Europa passou por um grande refluxo e o idealismo ganhou força. O primeiro passo de Marx foi lutar para reabilitar o materialismo como teoria correta.
Mais a frente na Análise, o companheiro tratou da reunião entre a Arábia Saudita e o Irã, mediada pela China. Os dois principais países do Oriente Médio tinham firmes conflitos entre si, sendo a Arábia Saudita utilizada como instrumento pelos Estados Unidos. Tal fato se trata de uma desestabilização da dominação imperialista – a mais significativa na história do capital monopolista, excetuando o período de guerras mundiais.
Essa aliança é capaz de subverter o conjunto da dominação imperialista na região. Afinal, a situação em Israel é completamente instável e a situação na Síria foge do controle norte-americano. Se se consolidar essa aliança, nas palavras do companheiro Rui, será a peça que faltava para que o edifício de dominação do imperialismo venha a baixo – e a participação da China nessa mudança de rumo é muito significativa.
A cúpula saudita percebeu, de maneira fundamental, a fraqueza dos norte-americanos para manter seu domínio na região. A própria Turquia e mesmo Israel começam a se aproximar da China, por conta do poderio econômico do país e pela total fraqueza dos Estados Unidos, expressa na incapacidade em conter o avanço iraniano, a derrota na questão síria e do Talibã, por exemplo. Ou seja, há sinais de uma total decomposição da política norte-americana na região.
A respeito da ideia de mundo multipolar, o companheiro Rui deixou claro que isso é inviável. A política mundial é centralizada pelos países imperialistas, que controlam o mundo politicamente e militarmente; não se trata de um arranjo de peças em um jogo de tabuleiro, mas de um domínio do bloco imperialista mundial. Para acabar com esse domínio, é preciso destruir esse poder através de uma revolução; não é possível tirar um grupo de países do mundo e criar um grupo “B” de países.
Tal ideia parte de uma ilusão sobre a questão da União Soviética. Ela não formava um mundo bipolar, mas um bloco defensivo de países – o imperialismo norte-americano tinha o controle do planeta, enquanto a União Soviética dominava apenas o Leste Europeu. Obviamente, era inviável manter tal situação; é preciso combater o imperialismo, não tentar dividir o mundo em metades, pois, uma hora ou outra, o imperialismo avançará e destruirá tais países.
A crise da dominação política imperialista também foi exposta de maneira muito clara na França. O presidente francês Emmanuel Macron decidiu passar por cima do parlamento e aprovar, por decreto, a aposentadoria da reforma da previdência; com isso, a classe operária, que estava em um movimento crescente, aumentou e muito sua atividade e entrou em confronto direto com a polícia.
Além disso, os Estados Unidos estão em vias de entrar em grande crise financeira pela quebra dos bancos. Com a queda das ações do Credit Suisse, pode-se repetir uma crise sistêmica, maior que a de 2008 em um patamar mais baixo da economia.
O companheiro Rui ressaltou o discurso de uma autoridade norte-americana no parlamento dos Estados Unidos. No discurso, ele deixou claro que o país não terá condições de sustentar as quebradeiras dos bancos menores e se limitará a ajudas pontuais – ou seja, a ajudar os maiores bancos, que tiverem risco de colocar os EUA em uma crise gigantesca.
Ou seja, os norte-americanos podem entrar em uma recessão no próximo período, tamanha a crise que o país enfrenta. E os resultados dessa recessão e dessa crise no interior do imperialismo são completamente imprevisíveis.
Por fim, deve-se citar o fato de que o governo do PT está em aberta contradição com a especulação financeira internacional. Afinal, saiu uma pesquisa que demonstra que 95% do mercado financeiro está contra a política econômica de conjunto – o que coloca totalmente abaixo a tese de que Lula seria um presidente do imperialismo. E é importante ter claro tal panorama, pois uma política correta em relação ao governo exige uma caracterização correta dele.