Uma das campanhas mais fortes da esquerda em favor de seus mandatos, inclusive do governo Lula, é de caráter identitário. Dizem que o grupo que compõe o governo é recheado de mulheres, negros, LGBTs, índios, gordos, deficientes e muitas outras coisas a qual se possa rotular uma pessoa na “escala de sofrimento” da humanidade, a qual a esquerda vive fazendo questão de tirar do bolso.
Nesse sentido, o governo é tachado como “diverso”. O que não se sabe, entretanto, é o que isso impacta no dia-a-dia dos brasileiros. Na realidade, se sabe, sim, e a resposta é bem simples: absolutamente nada. Seja uma mulher, um negro ou um indígena, seja lá qual for sua posição, isso não impacta de nada no setor em que este esteja dirigindo — ao menos, não por causa disso.
O governo Lula, na realidade, não é nada diverso. Isso porque está cheio de burgueses, pequeno-burgueses, intelectuais e burocratas, ou seja, quase nada de diversidade. Isso acontece porque a esquerda se recusa a entender que não importa que alguém seja mulher, negro, indígena, LGBT e/ou outras coisas mais se ela não não provém do povo e não está ligada diretamente a ele. Um dos exemplos mais notórios disso é Hélio Lopes, conhecido como Hélio Negrão, que sempre estava ao lado de Bolsonaro, ou então Sérgio Camargo, o negro aliado de Bolsonaro que comandou a Fundação Palmares, mas que cumpriu uma verdadeira função reacionária e direitista dentro da instituição.
Nesse ponto já deveria estar evidente que o identitarismo é uma propaganda imperialista e reacionária, que serve à burguesia, não à população. Alguns setores da esquerda até mesmo afirmam que a representatividade no governo Lula não é o suficiente, que faltam mulheres, negros e indígenas. Essas pessoas desconsideram que algumas figuras completamente execráveis como Simone Tebet, Marina Silva e Daniela Carneiro são mulheres e estão ocupando posições importantes, dentro dos ministérios do governo. Figuras da direita, inimigas do povo, estão recebendo aval da esquerda como “representantes” desses setores da sociedade, e que, portanto, precisariam ser respeitadas, independentemente do que fazem.
O que precisaria ser ressaltado é que a verdadeira diversidade, aquela que realmente faz diferença, é aquela que envolve os trabalhadores — e essa não existe no governo. Onde estão os trabalhadores? Foram eles, afinal, que elegeram Lula. Onde estão os petroleiros, metalúrgicos, químicos, condutores, portuários, garis, bancários? Independente de quantas, mulheres ou negros que o governo possua, enquanto não houver trabalhadores, a maioria da população não será representada.
O maior exemplo disso é o próprio Lula. Um trabalhador, advindo da base, porém um “homem, branco, hétero e cis” — mesmo com todas essas características que a esquerda pequeno-burguesa abomina, Lula continua sendo o maior representante da classe trabalhadora no momento no governo e, portanto, aquele que também apresenta a política que mais pode beneficiar a população concretamente. Há Luiz Marinho, por exemplo, um ex-metalúrgico como Lula, que agora é ministro do Trabalho. Mas é óbvio que está longe de ser o suficiente. Um governo verdadeiramente democrático deve ser composto pelos oprimidos diretos do sistema e os homens, mulheres, negros, deficientes e gays no governo devem ser pessoas do povo, trabalhadores, que sofrem o que os trabalhadores sofrem.
É importante, portanto, que a esquerda entenda que o tipo de diversidade impulsionada pelo imperialismo, na realidade, só faz retroceder o governo e tem como objetivo atacar Lula e o povo brasileiro, distraindo a esquerda e levando suas opiniões para algo que não muda realmente a vida da população, diferentemente da questão dos trabalhadores, fundamental não só para a formação mas também para a sustentação do governo atual, altamente atacado pela burguesia e pelo imperialismo.





